Plantas medicinais, taxonomia, composição química de vegetais e fungos estão entre os assuntos abordados em 26 trabalhos de bolsistas do Museu Goeldi.

Começa na tarde desta quinta-feira (28), a última sessão do seminário de iniciação científica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), tendo como tema Sistemática Vegetal e Micologia, Morfologia e Anatomia Vegetal, Ecologia e Manejo, Botânica Econômica, Etnobotânica e Fitoquímica. Ao todo, 26 trabalhos serão apresentados entre comunicações orais e painéis.

A coordenação da sessão será feita pelos pesquisadores Pedro Lage Viana e Ely Simone Gurgel (MPEG), com avaliação do pesquisador Steel Silva Vasconcelos (EMBRAPA). Os participantes devem estar atentos à mudança de horário da programação de sexta-feira (29), que ocorreria pela manhã e agora será à tarde, a partir das 14h, no Auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do MPEG.

Taxonomia – Ciência que trata da descrição, identificação e classificação dos organismos, a taxonomia está na maioria dos estudos botânicos. Esse é o caso do trabalho “Taxonomia dos gênerosMelochia L. e Waltheria L. (Malvaceae, Byttnerioideae) no Pará “, da bolsista Anna Caroline Picanço. Em sua pesquisa de campo, a estudante coletou 87 amostras das plantas em sete herbários nacionais e internacionais.

Camila Barra é a autora do trabalho “Caracterização polínica de espécies endêmicas da Serra dos Carajás”, onde analisou a morfologia dos grãos de pólen de espécies endêmicas ameaçadas, e que caracterizam as formações ferruginosas da canga, ecossistema ímpar e de profunda relevância na área mais conhecida de exploração de minérios no Pará.

A pesquisa “Taxonomia das epífitas vasculares de Belém”, de Evellyn Brito, aborda o tratamento taxonômico de epífitas da capital paraense depositadas nas coleções do Museu Goeldi e da Embrapa. Assim como Evellyn, a bolsista Jesiane Cardoso escolheu plantas presentes na Região Metropolitana de Belém para estudar. Ela fez o tratamento taxonômico das espécies de plantas da família Marantaceae, e, para isso, a jovem pesquisadora recorreu a materiais encontrados em áreas de proteção ambiental da região.

O trabalho de Fiama Renata Cunha apresenta os resultados de sua pesquisa, onde fez uma comparação da variação da morfologia e da anatomia de uma espécie típica de florestas de várzea – as plântulas de Pachira aquática Aublet.

O tema de Juliene da Silva é o gênero botânico Fimbristylis Vahl, que compreende cerca de 312 espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Ela desenvolveu um estudo taxonômico das espécies desse gênero encontradas no Pará.

Por sua vez, o trabalho de Maíra Luciana Conde é um estudo taxonômico das espécies da subfamília Malvoideae Burnett, que compreende cerca de 110 gêneros e 1.730 espécies identificadas em várias partes do mundo.

Marcos Freitas teve como meta reconhecer quantas e quais plantas da Região Metropolitana de Belém são da família Arecaceae. A lista de Taiana Silva é da flora fanerogâmica das cangas da Serra Arqueada, localizada em Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará.

Em seu trabalho, Zelina Correia caracterizou anatomicamente as estruturas de Acmella ciliata (kunth) Cass e Acmella oleracea (L.) R. K. Janse, espécies popularmente conhecidas como jambu.

Plantas medicinais – As plantas medicinais são as que têm uso mais expressivo na Coleção Etnobotânica do Museu Emílio Goeldi e três trabalhos de iniciação científica são dedicados ao tema, com resultados que fortalecem a coleção. Esse é o caso de Ellem Alves, que pesquisou na literatura científica informações farmacológicas das plantas encontradas na coleção do Museu Goeldi.

Em “A importância dos fragmentos florestais da Região Metropolitana de Belém na conservação de plantas medicinais”, Marcela Costa investigou a representatividade de espécies medicinais arbóreas, encontradas na Coleção Etnobotânica do Goeldi, relacionando o status de conservação e a ocorrência de perda na cobertura vegetal na metrópole paraense.

O matapasto (Senna reticulata) é uma planta arbustiva-arbórea pioneira em áreas abertas. Considerada daninha, ela também tem usos medicinal e alimentício. No trabalho de Cleidiane Rodrigues, o objetivo foi descrever e analisar a morfologia interna e externa das sementes e estruturas presentes durante as etapas do desenvolvimento pós-seminal até a formação da planta jovem.

Composição – A composição química dos vegetais também tem destaque na última sessão do seminário. Em “Fitoquímica e desenvolvimento de mudas de Aniba parviflora”, Larissa de Lima avaliou o efeito de diferentes substratos no desenvolvimento da plântula, assim como a composição química em diferentes estágios vegetativos desta espécie aromática nativa da região amazônica. Árvore de grande porte, a Virola sebifera é uma planta nativa do cerrado. Esta planta foi estudada por Soluan Pereira, que avaliou durante um ano o rendimento e a composição química do óleo essencial das folhas e frutos da espécie.

O gênero Protium e a família Myrtaceae são abordados pelas bolsistas Suzana da Silva e Tainá dos Anjos, que, respectivamente, avaliaram durante um ano o rendimento e a composição química das folhas secas das espécies P. pallidum Cuatrec e Myrcia splendes.

Fungos – Organismos que incluem as leveduras, bolores e os cogumelos, os fungos constituem um reino que ainda está muito longe de ser bem conhecido. Mas, pesquisadores e bolsistas do Museu estão empenhados em preencher cada vez mais lacunas de informação. Em “Levantamento e diagnóstico de fungos e pragas na coleção de fungos do Herbário João Murça Pires (MPEG)”, a aluna Carla Souza faz um diagnóstico da ação dos agentes de deterioração biológico, identificando as pragas e danos causados à coleção do Museu Goeldi.

Neste reino a ser desbravado, a Pucciniales é uma das maiores ordens de fungos fitopatógenos, com cerca de sete mil espécies descritas. Esses micro-organismos são responsáveis pela ferrugem em plantas, apresentando uma relação parasítica entre o fungo e a planta hospedeira. A estudante Joyce Saraiva realizou um estudo taxonômico com base morfológica de fungos causadores de ferrugens em plantas do clado Asterideas, coletadas na Floresta Nacional do Amapá.

Também tendo como foco de pesquisa os fungos causadores de ferrugens, Layse Almeida  realizou o estudo da taxonomia dos fungos causadores de ferrugens em plantas da família Annonace, a partir de amostras de coleções da Amazônia brasileira, incluindo as depositadas no Herbário João Murça Pires, do Goeldi. Já Marcos Rodrigues avaliou a ocorrência de fungos micorrízicos arbusculares em solos de florestas de várzea submetidas a diferentes intensidades de manejo.

Painéis – Além das apresentações orais, haverá também a exibição de painéis, que ocorrem na  tarde da sexta-feira (29). Uma pergunta norteia o estudo de Alexandre Mota, cujo objeto é a restinga, que se caracteriza por ser um ambiente com baixa disponibilidade de recursos devido aos solos arenosos, incluindo baixa capacidade de retenção de nutrientes e água. No trabalho, o bolsista avalia se há variações de atributos foliares e da madeira de Clusia grandiflora Splitg. e Anacardium occidentalL. em três diferentes fisionomias da restinga.

A utilização de defensivos químicos e fertilizantes agrícolas geram impactos ambientais e podem ainda prejudicar a saúde dos consumidores. O bolsista Antônio Souza investigou a eficácia de lixiviado de vermicomposto como biofertilizante, comparando o crescimento, conteúdo de matéria seca e produção de folhas e frutos de hortaliças submetidas a diferentes concentrações de produto.

O propósito do painel de Arnold Maia é expor os resultados da classificação e do inventário dos tipos de vegetação do Parque Estadual do Utinga, em Belém, além de avaliar os efeitos da fragmentação florestal na flora do local.

O bolsista Evaristo Oliveira fez a coleta e identificação de espécimes, frutos, sementes e propágulos de plantas espontâneas de áreas de pastagens da Amazônia. Seu propósito foi descrever e registrar, por meio de fotografias e ilustrações, as estruturas reprodutivas e as fases iniciais de desenvolvimento das plantas.

O último trabalho é de Marceli Lima, que avaliou se existe plasticidade em atributos funcionais foliares da madeira da árvore conhecida como breu branco (Protium heptaphyllum), com ocorrência tanto na floresta de restinga quanto na floresta de terra firme.

Quem quiser saber mais sobre os estudos mencionados nessa matéria, pode acessar a programaçãoe o  livro de resumos disponíveis no Portal do Museu Goeldi.

Programas – O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) desperta vocações científicas e desenvolve o pensar e a criatividade do jovem universitário para a pesquisa na Amazônia, além de contribuir de forma decisiva para otimizar o ingresso dos alunos na pós-graduação. Já o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) é um estímulo a jovens do ensino superior nas atividades, metodologias, conhecimentos e práticas próprias ao desenvolvimento tecnológico e processos de inovação.

Agência Museu Goeldi

Texto: Karolina Pavão.