Chamadas de queimas precoces por ocorrerem no início da seca, são fundamentais para a prevenção de grandes incêndios.

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O Parque Nacional dos Campos Amazônicos encerrou neste mês a temporada de queimas prescritas no enclave de Cerrado, que abrange o Parque Nacional dos Campos Amazônicos e as Terras Indígenas Tenharim Marmelos e Tenharim do Igarapé Preto. Chamadas de queimas precoces por ocorrerem no início da seca, são fundamentais para a prevenção de grandes incêndios nos meses mais secos do ano, que, na região, se concentram em agosto e setembro. As áreas que foram submetidas as queimas seguem o que ficou estabelecido pelo Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) da unidade de conservação.

As queimas são realizadas pelos brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com a aplicação de técnicas adequadas para atingir os objetivos de cada queima. Cada evento é registrado em formulário especifico com um nível de detalhe envolvendo as etapas de planejamento, execução e pós-queima. Durante as queimas são registrados dados como velocidade do vento, direção predominante do vento, temperatura ambiente, umidade relativa do ar, número de dias sem chuva, entre outros. As queimas não possuem contenção de largura e se extinguem naturalmente com as condições climáticas da noite, como baixa umidade, pouco vento e temperatura mais fria.

Com as queimas prescritas, a equipe de brigadistas concentra seus esforços nos meses de maio e junho visando uma menor probabilidade de incêndios de alta intensidade nos meses seguintes evitando impactos severos nos ambientes sensíveis ao fogo como buritizais, brejos, capões de mata, matas ciliares, topos de morro, entre outros. Por outro lado, espécies dependentes e adaptadas ao fogo se beneficiam de um fogo “bom” que contribui por exemplo para a germinação de algumas sementes, além disso, a rebrota após a passagem do fogo atrai herbívoros em busca de forragem nova.

Desde 2016, a UC tem avançado nas queimas prescritas. No ano passado foi concluída a temporada com aproximadamente 12.200 hectares afetados pelas queimas e, agora, foi finalizada com cerca de 23.700 hectares, desta forma, os ambientes savânicos do Parque e das duas Terras Indígenas estão devidamente fragmentados e com menor chance de ocorrência de incêndios com grandes proporções. A área atingida neste ano representa apenas cerca de 6% da área total do enclave de Cerrado abrangido pelas três áreas protegidas.
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As ações de Manejo Integrado do Fogo (MIF) não se restringem as queimas prescritas, também envolvem a supressão do fogo quando necessário e pesquisas cientificas para ampliar o conhecimento acerca do assunto, permitindo um melhor planejamento.

A unidade de conservação conta com um mapeamento detalhado de todas as cicatrizes de queimas desde o ano 2000 como resultado de uma parceria com o pesquisador brasileiro Daniel Borini iniciada em 2016, e que se estenderá para os próximos anos. O pesquisador, que está finalizando seu doutorado pela Universidade de Zaragoza/Espanha e atua na área de geoprocessamento, já publicou alguns artigos tendo o Parque como área de estudo. Neste ano, foi firmada parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) com o objetivo de coletar e identificar espécies vegetais de ocorrência na região de Cerrado da UC para posteriormente relaciona-las com as ocorrências de fogo.

Também foi iniciada a implantação de parcelas amostrais de 1 hectare que serão submetidas a partir do ano que vem a queimas prescritas com diferentes tratamentos e que serão monitoradas com o envolvimento dos brigadistas e pesquisadores parceiros. A tendência para os próximos anos é ampliar o quantitativo de queimas prescritas porém atingindo áreas menores em cada evento de forma a contribuir para a formação de um mosaico refinado de diferentes regimes de fogos.

Comunicação ICMBio
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