A Amazônia não corre o risco de tornar-se um deserto nas próximas décadas. A afirmativa é do climatologista Luiz Carlos Baldicero Molion, pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e professor associado aposentado da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em resposta a uma entrevista do climatologista Carlos Nobre, publicada no jornal O Liberal de Belém, em 25 de março último.

Na entrevista, Nobre, também aposentado do INPE e um dos principais cientistas brasileiros adeptos da mistificadora tese do aquecimento global antropogênico, adota o mesmo tom alarmista habitual com que se refere às questões climáticas, chegando a afirmar que “em trinta anos, no máximo, a Amazônia deve virar uma savana”.

O prognóstico foi publicado em fevereiro, na revista Science Advances, em um artigo assinado junto com o biólogo estadunidense Thomas Lovejoy, professor da Universidade George Mason. Como Lovejoy é também um dos pioneiros do alarmismo ambientalista no Brasil e um dos principais operativos do aparato ambientalista internacional para o País, não admira que os dois tenham unido forças para divulgar mais uma peça catastrofista.

Segundo Nobre, três forças estariam levando o sistema floresta-clima amazônico a “um ponto sem volta de ruptura de perda de estabilidade e (a) caminhar para um novo estado de equilíbrio”. Elas seriam “o desmatamento, o aquecimento global e o grande aumento dos incêndios florestais”. Pela situação atual, afirma, “o risco da gente atingir esses pontos de ruptura é na faixa de mais 20 a 30 anos, no máximo”.

Para que o Brasil pudesse “fazer a sua parte”, já que, admite, a reversão do aquecimento global não depende apenas do País, seria preciso disciplinar o uso dos recursos naturais da Amazônia, de forma a “zerar o desmatamento”. “Conseguimos reduzir o desmatamento de 2005 a 2012 e 2013, viramos motivo de orgulho para o mundo (sic). Então, todas essas ações têm que ser retomadas com muita energia”, afirma.

Consultado por este Alerta, Molion fez os seguintes comentários, que reproduzimos integralmente:

“Conheço o Dr. Carlos Nobre desde que ele era estudante de engenharia no ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica], em São José dos Campos (SP). Não há dúvidas de que ele teve uma boa formação acadêmica em princípio, já que fez seu doutorado no MIT [Massachusetts Institute of Technology]. O que o fez não aplicar corretamente os conhecimentos adquiridos? E conheço, também de longa data, o alarmista Dr. Thomas Lovejoy, seu colega coautor desse artigo publicado na Sciences Advance. As afirmações nessa entrevista publicada no jornal O Liberal são mera especulação, não há comprovação alguma, e certamente a vida da Floresta Amazônica será muito mais longa que seus proféticos 30 anos! Nós vimos isso na prática, quando a floresta reconquistou os trechos da [rodovia] Transamazônica que foram abandonados.

“Por definição da Organização Meteorológica Mundial, deserto é uma região na qual chove menos de 200 mm por ano. Portanto, com uma precipitação média de 2.400 mm/ano, a Amazônia jamais seria enquadrada como deserto. A fonte de umidade para esse total pluviométrico é o Oceano Atlântico. Em média, os ventos alísios transportam para a região cerca de 1 milhão de metros cúbicos por segundo de água na forma de vapor, dos quais 40% são precipitados como chuva. Metade da precipitação (200 mil m3/s) é devolvida pelo rio Amazonas ao Oceano Atlântico e a outra metade é reciclada pela evapotranspiração e se incorpora aos 60%, dando um total de 80% do fluxo que vem da Região Norte e que vai ser convertido em chuva pelos sistemas frontais, ou frentes frias, no restante do País. Parece ser coincidência, mas, no período de 1983-1985, durante 26 meses, estimamos a evapotranspiração da floresta e obtivemos uma média anual de 3,4 mm/dia. Se multiplicamos por 5 milhões de quilômetros quadrados, vamos obter um fluxo de evapotranspiração médio de aproximadamente 200 mil m3/s.  Ou seja, cerca de 50% da precipitação média anual saem pelo rio e os 50% restantes são reciclados por evapotranspiração. A floresta, uma árvore, não produz água, apenas recicla a água da chuva que caiu anteriormente e que estava armazenada no solo. Portanto, o desmatamento não afeta as chuvas no restante do País. É claro que o desmatamento em grande escala seria prejudicial para a região, particularmente no que concerne à degradação ambiental. Devido à grande quantidade de chuva, podem ocorrer degradação do solo, erosão e assoreamento de calhas de rios, mudança da qualidade da água e da vida que dela depende. É por essa razão, e não climática, que a proteção dos solos da região é de extrema importância. Mas, isso tudo já é sabido e documentado. E a cobertura de floresta nativa é uma forma harmoniosa, bonita, de se proteger os solos tropicais, embora haja outras técnicas também eficazes.

“O aquecimento global é uma farsa, resultante de modelos de simulação de clima global (MCG) que não conseguem reproduzir o clima atual, nem prever uma seca com três meses de antecedência. Se os MCG não conseguem reproduzir o clima atual, qual a confiabilidade que se tem em suas previsões para 30, 70, 100 anos no futuro? O homem não tem capacidade de mudar o clima do planeta, que é coberto de 71% de oceanos. Só o Oceano Pacífico ocupa 35% da área do planeta, enquanto todos os continentes somados ocupam 29% de sua superfície. São o Sol (fonte de energia), os oceanos e a variação da cobertura de nuvens que controlam o clima, e não o CO2 [dióxido de carbono]. Entre 1983 e 1999, houve uma redução da cobertura de nuvens, entrou mais radiação solar no sistema e o planeta se aqueceu. Foi um período em que também ocorreram fortes eventos El Niño, que, sabidamente, aquecem a atmosfera global. O Sol está entrando num mínimo da atividade entre 2020-2032, mínimo que ocorre num ciclo de cerca de 100 anos. O Pacífico já começou a se resfriar, de acordo com os dados que temos. E a cobertura de nuvens está aumentando desde 1999-2000 segundo os dados do sensor CERES a bordo de satélites. Portanto, a maior probabilidade é que haja um resfriamento global nesses próximos 10-15 anos, e não um aquecimento.

“Por outro lado, quanto mais CO2 existir em nossa atmosfera, melhor é para o planeta e para a vegetação. Os satélites estão mostrando que o planeta está ficando mais verde nos últimos anos e os desertos encolhendo. Vejam este link (NASA, “Carbon Dioxide Fertilization Greening Earth, Study Finds”, 26/04/2016).”

in Ambientalismo

FONTE:

 

 

VER MAIS EM:

http://msiainforma.org/molion-desmente-risco-de-desertificacao-da-amazonia/

NOTA

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