Publicação está destacada no Hub de Estudos do Instituto Escolhas, plataforma de pesquisa bibliográfica sobre economia e meio ambiente.
Projetos de conservação em grande escala podem contribuir para um planeta mais verde, com efeitos positivos no sequestro de carbono. Essa e a conclusão do estudo Increased vegetation growth and carbon stock in China karst via ecological engineering (Aumento do crescimento da vegetação e estoque de carbono na China cárstica via engenharia ecológica, em tradução livre), publicado na revista Nature. A pesquisa traça uma análise sobre os projetos de reflorestamento chineses nas regiões cársticas (um tipo de relevo geológico caracterizado pela corrosão das rochas) do sudoeste da China, por meio de dados de séries temporais de satélites.
O ecossistema cárstico, altamente sensível e vulnerável no sudoeste da China, é uma das maiores áreas de rochas carbonáticas expostas no mundo, com mais de 540 mil km². Essa área foi selecionada para o estudo como alvo principal de projetos de restauração. Segundo a pesquisa, a acelerada desertificação da área foi causada pela crescente intensidade de exploração dos recursos naturais. Como resultado, aproximadamente 130 mil km2 de áreas cársticas, anteriormente cobertas por vegetação e solo, foram transformadas em uma paisagem rochosa.
Para combater esse problema, o estudo reforça a importância de investimento na mitigação. Os projetos de restauração ecológica da China, como o Projeto de Proteção Florestal Natural, o Projeto Grão Verde e o Projeto de Restauração da Desertificação Rochosa de Karst, são considerados atividades de megaengenharia e os mais ambiciosos projetos de florestamento e conservação já vistos. No final da década de 1990, foram investidos mais de U$ 19 bilhões de dólares em iniciativas como essas na China. No caso do Brasil, o investimento necessário para recuperar 12 milhões de hectares de florestas – meta assumida pelo país no Acordo de Paris –, seria de R$ 52 bilhões, segundo dados do estudo Quanto o Brasil precisa investir para recuperar 12 milhões de hectares de florestas?, desenvolvido pelo Instituto Escolhas. O estudo mostra, ainda, que cumprir a meta brasileira produziria, inicialmente, um resultado com R$ 23 bilhões de retorno econômico, R$ 6,5 bilhões em arrecadação de impostos, além de gerar 215 mil empregos.
Segundo o estudo sobre a China, apesar dos projetos de conservação ecológica buscarem aumentar a biodiversidade, o sequestro de carbono e a cobertura vegetal, o sucesso desses esforços de conservação não é facilmente quantificável e nem sempre pode ser mensurado com os métodos de monitoramento baseados em satélites e modelos contemporâneos. Os custos de projetos de engenharia ecológica como uma medida de mitigação da mudança climática são apenas justificados se as propriedades do ecossistema puderem ser afetadas em larga escala. Do contrário, as estratégias de adaptação e mitigação às mudanças do clima devem estar ancoradas no conhecimento de como os ecossistemas respondem a distúrbios climáticos
O estudo conclui que, atualmente, não se sabe se os projetos de conservação impactam na capacidade da vegetação de modo a aliviar os efeitos das mudanças climáticas em grandes escalas, mas se projetos de florestamento forem considerados bem-sucedidos, haverá uma melhoria em grande escala na cobertura vegetal e no sequestro de carbono, com uma relação clara com a extensão espacial das áreas selecionadas para projetos de conservação.
O estudo completo está disponível no Hub de Estudos do Instituto Escolhas. Para acessá-lo, basta clicar aqui.
FONTE: INSTITUTO ESCOLHAS
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