Representantes de universidades, governo e instituições do terceiro setor do Brasil e Peru se reuniram essa semana por três dias, em Brasília, para discutir sobre análises de dados climáticos com o objetivo de fortalecer a gestão ambiental, evitar a degradação florestal e promover a resiliência de áreas protegidas.
O evento foi organizado pelo centro de pesquisa americano Woods Hole Research Center (WHRC), parceiro do IPAM, e faz parte de uma série de oficinas que a instituição está realizando.
Durante a oficina foram apresentadas palestras sobre biomassa, políticas públicas e mudanças climáticas. Além disso, os participantes fizeram exercícios e apresentaram estudos de caso ao utilizar uma plataforma, que deve ser lançada até setembro pelo WHRC, que mostra por períodos dados de precipitação, temperatura e carbono para terras indígenas e unidades de conservação da floresta amazônica. Outras plataformas foram apresentadas, entre elas as plataformas desenvolvidas por pesquisadores do IPAM, como: CCAL e Somai.
Para o pesquisador do WHRC Michael Coe, manejar e conservar floresta é uma das melhores opções para mitigar mudanças climáticas. “Também precisamos comunicar a ciência de maneira clara, relevante e oportuna”, afirma.
Os participantes analisaram conjuntos de dados para entender a escala e a frequência de eventos climáticos extremos, como secas, inundações e tempestades severas que ameaçam o futuro da floresta amazônica e sua capacidade de armazenar e ciclar carbono.
Para a pesquisadora do IPAM Isabel Mesquita, a plataforma é uma importante ferramenta para comunicar aos setores produtivos a importância de se preservar áreas de floresta. “A plataforma apresenta cenários climáticos em que é possível ver mudanças na temperatura e na precipitação nas próximas décadas em cenários de baixa, moderada e alta emissão de gases de efeito estufa, o que permite enxergar nitidamente a importância e a urgência de se reduzir as emissões.”
Um dos estudos de caso apresentado utilizou a base de dados da plataforma para interpretar os cenários da bacia do rio Juruena, em Mato Grosso. Os participantes concluíram que muitas áreas que hoje produzem muitos alimentos podem diminuir a produtividade devido às alterações climáticas futuras, colocando em risco a segurança alimentar. A bacia tem 22 terras indígenas (TIs) que ocupam 20% da extensão territorial. Segundo os dados disponibilizados na plataforma, a duração do período seco vai aumentar consideravelmente nos próximos anos podendo influenciar as práticas produtivas em volta das TIs e gerando novas pressões para dentro das áreas protegidas.
Segundo a pesquisadora do WHRC Marcia Macedo, a floresta em pé tem importante função reguladora dos ciclos de água e das temperaturas regionais. “A floresta amazônica estoca 90 bilhões de toneladas de carbono. É possível fazer modelagens que possibilitem o planejamento e impactem nas tomadas de decisões, permitindo ações mais assertivas para o meio ambiente, produção de alimentos e clima.”
As próximas oficinas acontecerão na Colômbia e Peru em maio e junho, respectivamente. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail: [email protected] ou acessar o site: http://whrc.org/amazon-trainings/.
FONTE: IPAM Amazônia Notícias
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