Segundo os especialistas, as terras indígenas favorecem a manutenção do ecossistema e evitam o desmatamento no Brasil.

De ‘donos da terra brasilis‘, índios passaram a ‘brigar’ por ela (Foto: Arquivo AC)     

A demarcação de terras indígenas causa polêmica há décadas entre pessoas que defendem e outras que são totalmente contrárias, mesmo em regiões como o Amazonas. Nesta semana onde é comemorado o Dia do Índio, um especialista em políticas de integração e proteção dessas populações e representantes das etnia Mura e povo Arapasso falaram sobre a importância das Tis para a manutenção do ecossistema e evitar o desmatamento.

O economista e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, Adu Schwade, acredita que os povos indígenas desenvolveram, ao longo de muitos anos, uma relação de amor com a floresta e, por isso, na maioria das vezes, buscam cuidar da terra “tirando” e cultivando apenas o necessário para o sustento.

“Essa floresta que a gente encontra hoje é resultado da presença de indígenas há muitos, muitos anos. Eles cuidam, eles cultivam e não degradam visando lucros, eles, na maioria das vezes, cuidam de tudo aqui”, disse o especialista.

Futuro

Schwade afirma, ainda, que os povos indígenas não pensam apenas no hoje ou o amanhã, como muitas pessoas afirmam. O cuidado com as terras indígenas é um exemplo do cuidado e o pensamento no futuro.

“Eles não tratam aquela terra como uma mercadoria como os empresários do agronegócio e eles têm uma relação de carinho que mantém essas florestas. Se você pega um mapa da floresta amazônica você vê que as regiões desmatadas não são dentro das terras indígenas”, observou Adu Schwade.

Para Herton Fabrício Filgueiras, da etnia Mura, que mora na Aldeia Santo Antônio, no Município do Careiro da Várzea (a 21 quilômetros de Manaus), as terras indígenas tem papel fundamental na manutenção e da existência de diversas espécies de árvores e plantas medicinais.

“A demarcação de terras indígenas garante a vida, a ecologia e a biodiversidade da região que nós estamos no Amazonas. O clima, o ar que respiramos, as plantas que tem potencial de cura, tudo isso é mantido justamente porque temos a missão de manter a floresta de pé”, disse ele.

Para o indígena, terra demarcada é sinônimo e garantia de que não haverá dano a fauna, a flora e toda a riqueza que ainda se mantém viva dentro.

Críticas

Para Rosimere Teles, da rede de Mulheres Indígenas do Povo Arapasso de São Gabriel da Cachoeira, ao contrário dos grandes empresários e um grupo de políticos, que visam lucro, os indígenas buscam manter a floresta quase que intacta utilizando algumas áreas para cultivo.

“A cultura indígena é de fazer um roçado e retirar só para o sustento. O índio não vê necessidade de derrubar a mata, pois é de lá que vem as plantas que são medicinais, nossa comida”, disse.

Para ela, é estranha a forma como os governos tratam as questões ambientais e como a sociedade “aceita” algumas decisões. “Estranho, não entendo como a sociedade não consegue entender que a forma como vivemos ajuda o equilíbrio do ecossistema. A gente não destrói, não polui e não desmata. Se a gente contribui para manter a floresta de pé, a vida de todos os serem fica melhor, a gente depende da natureza para viver, sem ela não há vida. Sem ela não há oxigênio, tudo morre”.

Por Álik Menezes
Fonte: A Crítica

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