O Transporte Hidroviário na Amazônia foi discutido no Inpa, durante a 52ª Reunião do Geea. Segundo o presidente do Sindarma, Dodó Carvalho, os piratas estão roubando cerca de R$ 100 milhões por ano e além disso, se capitalizando e evoluindo nas suas ações.

Pirataria, criminalidade e falta de ordenamento são os principais problemas enfrentados pelo  transporte hidroviário na região amazônica. A afirmação é do presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho, mais conhecido como Dodó Carvalho, palestrante na 52ª Reunião do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (Geea) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).

“Estamos sendo saqueados nos nossos rios. Nós não temos polícia nos rios, como se tem nas estradas ou nas cidades. Precisamos da presença da polícia ou da segurança nacional”, disse Dodó Carvalho. “Estamos perdendo mais de R$ 100 milhões por ano com esses crimes. E eles (piratas, barrigas ou ratos d’água como também são conhecidos) estão se capitalizando e evoluindo em suas ações.  Junto ao roubo de cargas também circula  a droga, o comércio ilegal de armas e a prostituição infantil”, alertou Carvalho, durante palestra realizada na última quarta-feira (28).

O transporte longitudinal estadual e interestadual e de travessia na Amazônia conduziram em 2017, aproximadamente, 9,8 milhões de passageiros e 3,4 milhões de toneladas de cargas. Os dados fazem parte do estudo denominado Caracterização da Oferta e da Demanda do Transporte Fluvial de Passageiros e Cargas na Região Amazônica, divulgado no início de fevereiro deste ano pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Dodó defende a criação de uma Polícia Fluvial, por parte do Governo do Amazonas, a exemplo do Batalhão Fluvial no Pará, que vem combatendo a pirataria com eficiência e rigor. No Amazonas, há uma tratativa com a Secretaria de Segurança Pública, que planeja a estruturação de uma base que ficará no Encontro das Águas.

“Essa será nossa primeira experiência voltada para o rio. Estamos muito esperançosos de que essa base possa ao  menos mapear os problemas dos rios para depois termos outras bases em Tefé-Coari, no rio Madeira e no Baixo Amazonas”, afirmou  Carvalho.

Outro problema levantado pelo empresário é a falta de regulação das linhas do transporte hidroviário estadual. De acordo com o estudo da Antaq, no Amazonas, há 73 linhas de transporte longitudinal estadual (realizado ao longo de rios e canais), 57 portos de embarque, 213 embarcações que transportam 1,6 milhão de passageiros e 999,1 mil toneladas de carga. “Como transportamos toda essa quantidade de pessoas e não dizemos quem está autorizado?”,  questionou.

No quesito transporte de cargas, a ordenação do rio Madeira é fundamental para o setor e  esse rio é a principal rota de escoamento de grãos vindos de Rondônia,  e Mato Grosso, bem como do combustível que abastece os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, além de ser a porta de entrada de 40% do que se consome em Manaus. Por outro lado, a principal hidrovia da região é o rio Amazonas, sendo a principal rota o trecho que vai  de Manaus a Belém e por onde circulam os navios e comboios que vão e vem de outras regiões do Brasil e também do exterior.

“O Madeira é um rio muito importante para nossa navegação e integração, mas quando chega o verão temos o problema de dragagem e garimpo ilegal. Precisamos ordenar isso para fazermos uma navegação segura”, cobrou Carvalho.

Para o diretor do Inpa a discussão do tema Transporte Hidroviário na Amazônia é altamente relevante e perpassa os diversos segmentos da sociedade, como transporte, economia e aspectos sociais. “Acredito que todos os setores têm de trabalhar de forma harmônica para que a população tenha uma vida melhor na Amazônia, onde a logística é muito precária e esses problemas já são crônicos”, disse França.

Para o secretário-executivo do Geea, o pesquisador Geraldo Mendes, a água é vital para a economia, o desenvolvimento, mas não pode ser vista somente por esses aspectos. “Não podemos esquecer da água, como  espaço vital para os  peixes e outros organismos aquáticos e isso precisa ser colocado na balança”, lembrou Mendes. “Outro aspecto também importante é a água usada para o turismo. Quem não gosta de pegar um barco, ir para um lugar e ter uma natureza bem preservada, com mata, água límpida?”, complementou.

Por Cimone Barros (texto e fotos) – Ascom Inpa –