A prática sustentável em pequena escala de produtos madeireiros e não madeireiros foi o tema do 1º Diálogo Sobre Manejo Comunitário de Produtos Florestais em Terras Indígenas, realizado nesta quinta-feira (21/12), pela Fundação Estadual do Índio (FEI), no Centro de Convenções Vasco Vasquez, zona centro-sul de Manaus. Mais de 40 lideranças indígenas, órgãos de controle ambiental e de financiamento, participaram da discussão.
De acordo com o presidente da FEI, Amilton Gadelha, o evento é uma iniciativa, que segue determinação do governador Amazonino Mendes, para coibir a devastação da floresta, em razão das atividades madeireiras ilegais em áreas indígenas. Conforme Gadelha, o debate visa, em um período futuro, geração de emprego e renda aos indígenas no manejo sustentável da floresta.
“O governador tem a preocupação que é lutar para que as terras indígenas não sejam devastadas. Há uma grande quantidade de pessoas que se apropriam da madeira e dos produtos não madeireiros, como a fibra, os óleos, e as populações indígenas não ganham nada com isso. Então, o governador vendo essa situação e querendo aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), porque nas comunidades indígenas concentram os mais baixos índices do IDH, ele busca provocar esse diálogo”, explicou o presidente.
Gadelha ressaltou que a preservação da floresta é outro ponto especifico do projeto, uma vez que os efeitos da devastação geram consequências drásticas. “Ou seja, a fim de que se garanta o uso sustentável e inteligente dos produtos florestais, que gere trabalho e renda para as populações indígenas. Que seja uma ferramenta preservação ambiental, porque através do manejo florestal não há depredação”, disse.
O presidente da FEI disse que a iniciativa do Governo do Estado em debater propostas para o manejo sustentável não dará “carta branca” para a devastação. “Ninguém está falando que o governo pretende sair desmatando. Não é nada disso. É através de uma política firme, arrojada, em parceria com o governo federal e os parceiros, garantir que a floresta, que é o grande supermercado dos povos indígenas, continue viva, existindo”, finalizou Gadelha.
Para o representante da Coordenação dos Povos Indígenas do Estado do Amazonas (Coipan), Marcos Apurinã, a iniciativa do Governo do Estado é boa, pelo fato de não ser verticalizada, dando oportunidade ao amplo debate entre os órgãos competentes e comunidade indígena. “É importante termos esse diálogo porque não dá para emplacar um projeto vindo de um escritório. E sim partindo das próprias bases. Afinal, a comunidade indígena e o mundo serão beneficiados”, disse o líder.
No Amazonas, aproximadamente 170 mil índios, de 29 etnias, residem nos 62 municípios.
Fotos: Clóvis Miranda