O corredor Tupi-Mondé, formado por sete Terras Indígenas na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, perdeu mais de 1,2 mil hectares de florestas ao longo do primeiro semestre do ano passado. Os dados são resultado do monitoramento realizado por organizações indígenas e não governamentais, com base no aplicativo Global Forest Watch (GFW), utilizado para acompanhar a perda de florestas em todo o mundo.

Além dos dados obtidos por meio da plataforma, são usadas informações e imagens produzidas em campo, que ajudam a identificar quem está desmatando e o motivo. O GFW é gratuito e oferece uma facilidade em relação ao Prodes, usado para calcular a taxa oficial de desmatamento no país: basta escolher no mapa ou informar as coordenadas geográficas da região a ser monitorada, sem a necessidade de profissionais de geoprocessamento especializados.

Com cerca de 6 mil indígenas de cinco etnias que falam línguas do Tronco Tupi (Cinta Larga, Zoró, Paiter Suruí, Gavião e Arara), o corredor ocupa 3,5 milhões de hectares, uma área maior do que a Bélgica. O desmatamento vem crescendo na região devido à pressão da exploração ilegal de madeira, avanço da pecuária e mineração.

A maior área desmatada foi registrada na Terra Indígena Sete de Setembro, onde 1.200 índios Suruí ocupam pouco mais de 248 mil hectares. Apenas no primeiro semestre do ano passado, foram derrubados 536,59 hectares de florestas na reserva, que vem sofrendo aumentos anuais nas taxas de desmatamento. Em 2011, foram derrubados 65,97 hectares de florestas na TI. Em 2016, área de desmate cresceu para 695,30 hectares.

Um projeto de Redd é desenvolvido desde 2010 na TI Sete de Setembro, sob a coordenação técnica do Instituto de Conservação de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma das ongs responsáveis pelo boletim de desmatamento do Corredor Tupi-Mondé.

Mas, conforme explica o gerente de Mudanças Climáticas do Idesam, o gestor ambiental Pedro Elias, o desmatamento na área superou as previsões feitas na apresentação do projeto. A principal causa, segundo ele, foi o garimpo, um problema que já ocorria em Terras Indígenas vizinhas, mas que na Sete de Setembro começou a ser sentido há dois anos, de acordo com Soares.

“Nós não havíamos planejado na nossa linha de base, que é a projeção de desmatamento, o garimpo”, conta o gestor ambiental. “Quando o garimpo entrou, quebrou nossa lógica, porque ele gera um fluxo de capital muito grande, além de todos os problemas sociais. E as pessoas investem esse capital na pecuária”, conclui.

O próximo  boletim deve ser divulgado em fevereiro, com dados de agosto a dezembro no ano passado. Mas também deve trazer notícias preocupantes, segundo Pedro Soares. “A gente não espera ter uma redução para o segundo semestre, ainda mais por passar por uma época seca do ano, de agosto a setembro”, afirma.

 

* Publicado em: O Eco

 

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