Terminou no início de dezembro uma missão entre militares do Comando Militar da Amazônia (CFS/8º BIS) e a Fundação Nacional do Índio na Terra Indígena Vale do Javari, sudoeste do Amazonas, na zona de fronteira Brasil-Peru. A ação teve como objetivos o combate ao garimpo ilegal no rio Jandiatuba, a reabertura da Base de Proteção Etnoambiental (BAPE) da Funai nesse rio e a realização de uma expedição de monitoramento e localização na região apontada em denúncia como local de um possível massacre de índios isolados no último mês de agosto.

Foto: FPE Vale do Javari

A ação teve a participação do Ministério Público Federal, que acompanhou o planejamento e articulação, expedindo algumas recomendações sobre a atuação dos órgãos. Nos primeiros oito dias, foram destruídas 10 balsas de garimpo, sendo que duas estavam dentro da Terra Indígena Vale do Javari. A região do rio Jandiatuba e seus interflúvios é considerada pela Funai como sendo a de maior número conhecido de registros confirmados de povos indígenas no País. De acordo com a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC), dos dez registros confirmados no Vale do Javari, cinco estão nessa região.

O apoio logístico para essa operação foi realizado por militares do Comando de Fronteira do Solimões/8º BIS e servidores da Frente de Proteção da Funai.

Após a atuação no garimpo ilegal, os militares montaram uma barreira no local da BAPE Jandiatuba, na entrada da TI Vale do Javari, enquanto uma equipe da Funai, composta por servidores e indígenas, subiu o rio para realizar uma expedição na floresta para monitoramento dos processos de ocupação dos grupos isolados na região conhecida como Três Bocas. Enquanto ocorria a expedição, os militares e outros servidores da Funai iniciaram os trabalhos para a reabertura da Base de Proteção, que foi desativada em 2012, sobretudo, por questões de recursos financeiros e humanos. Uma nova equipe da Funai, com apoio da Polícia Militar do Amazonas, sucederá essa equipe pioneira no início de dezembro, dando, assim, continuidade na reconstrução e operacionalização da base.

A expedição terrestre de localização percorreu por 10 dias diversas localidades onde teria ocorrido o crime apresentado na denúncia. Apesar das dificuldades inerentes de se investigar in loco uma grande área de floresta amazônica e do tempo transcorrido desde a denúncia (início de agosto/17), foram delimitados pela equipe pontos nas margens do rio Jandiatuba e nos igarapés ocupados por grupos isolados e monitorados pela Funai por aeronaves e expedições na mata desde 2001.

Tentou-se, assim, coletar informações nos locais que apontavam para possíveis conexões e tipos de relações estabelecidas entre garimpeiros, caçadores e pescadores com os índios isolados e, assim, averiguar possíveis consequências, tais como mudanças nos processos de ocupação dos grupos isolados.

Foto: FPE Vale do Javari

As informações preliminares levantadas pela equipe técnica ainda não apontam evidências que comprovem o possível conflito na região. No entanto, foram registradas diversas provas da presença de invasores nas margens do Jandiatuba, inclusive em locais muito próximos da área de ocupação dos grupos isolados, o que gera alto grau de vulnerabilidade a esses povos. O grande volume de informações coletadas em campo ainda estão sendo processadas e, após análise, serão encaminhadas aos órgãos que estão responsáveis pela investigação.

Informações da CGIIRC – FONTE: FUNAI