Hidroacústica deve auxiliar no monitoramento e avaliação de estoques pesqueiros em lagos e rios da Amazônia. 

A tecnologia hidroacústica pretende promover o uso sustentável de recursos pesqueiros nos lagos e rios da Amazônia. O projeto é coordenado pelo doutorando em Ciências Pesqueiras dos Trópicos pelo Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Lorenzo Soriano Antonaccio Barroco. A proposta é pioneira e busca compreender a aplicabilidade da técnica em águas continentais para monitoramento e avaliação de estoques pesqueiros da região amazônica.

O projeto recebe apoio do Governo do Amazonas por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via programa Sinapse da Inovação, que é realizado em parceria com a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi).

Segundo o coordenador do projeto, a hidroacústica não tinha aplicabilidade em águas da região e o grupo de empreendedores se propôs a fazer testes e compreender a melhor aplicação da tecnologia nos rios e lagos da Amazônia. Ele conta que o objetivo do uso da técnica é fazer o levantamento de dados de recursos pesqueiros de forma sustentável.

“O principal foco é trazer um levantamento de dados dos recursos pesqueiros, com a aplicabilidade desta nova tecnologia, conseguiremos fazer na comunidade íctica de lagos e rios, sem precisar capturar o recurso em si. Hoje as metodologias aplicadas basicamente seguem o princípio da captura de um lote do recurso de dentro de um lago para poder identificar e, assim, quantificar o recurso”, contou Lorenzo.

O empreendedor explicou que a tecnologia funciona através de um equipamento eletrônico, na qual são emitidos sinais sonoros dentro da água e partir desse processo será feita leitura dos dados com informações acerca dos recursos pesqueiros encontros dentro da água.

“O sinal emitido pelo equipamento vai se rebater dentro de alguma concentração de densidade diferente, por exemplo, a bexiga natatória do peixe ou ate o mesmo o próprio corpo do peixe. Daí quando esse sinal topa com algum objeto ou algum corpo com densidade diferente da densidade da água, esse sinal retorna ao equipamento da sonda e a partir daí conseguimos identificar o tamanho, a dimensão desse corpo estranho”, explicou Soriano.

De acordo com o pesquisador, a grande dificuldade da aplicação da hidroacústica na água continental se dá pela grande quantidade de matéria orgânica encontrada nos rios, como troncos e folhas. No entanto, testes realizados pelo grupo empreendedor em águas pretas já atestaram a eficiência da tecnologia.

“A princípio fizemos testes em água preta, que basicamente tem menos material em suspensão e seria melhor o uso desse equipamento, e confirmamos isso em campo. Na água preta conseguimos fazer uma leitura mais clara dos dados. Como não temos uma base de dados pra fazer comparação, os dados que coletamos em campo são levados para o laboratório e lá estudados”, disse o empreendedor.

A análise no laboratório tem contribuindo para que os empreendedores adquiram prática e eficiência na leitura dos dados coletados a partir da hidroacústica. “Estamos nessa fase, de estudo e separação de quem é quem, pra que depois a gente consiga chegar ao campo e aplicar com eficiência essa metodologia”, finalizou Lorenzo.

Lorenzo Soriano integra a equipe da empresa Amazon Ecotech que presta serviços de consultorias técnicas na área ambiental, de recursos pesqueiros e de aquicultura. A empresa segue fazendo testes com a hidroacústica para adquirir know-how e usar a técnica de forma eficiente no mercado local. 

Departamento de Difusão do Conhecimento (Decon)

FONTE: FAPEAM