Duas grandes lideranças indígenas conhecidas mundialmente pela luta em defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil, Jacir José de Souza, Macuxi, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e Davi Kopenawa Yanomami, da Terra Indígena Yanomami, vão dividir a mesa, junto com os demais convidados do seminário Raposa Serra do Sol e os direitos dos povos indígenas, que acontece nesta quarta-feira, 4, às 16h, no auditório Joaquim Nabuco da Universidade de Brasília (UnB).

Jacir José de Souza, Macuxi, 65 anos, liderança indígena de renome nacional e internacional encarou uma luta de mais de 30 anos para conquistar a terra indígena Raposa Serra do Sol, o maior marco de conquista territorial do Brasil. Davi Kopenawa Yanomami, 58 anos, conquistou o mundo em defesa da floresta amazônica, como ele sempre menciona, o pulmão do mundo.

Davi Yanomami participou esses dias da última Formação em Mudanças Climáticas e Incidência Política, realizada no Centro Cultural de Brasília (CCB). Promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA), em parceria com a Rede de Cooperação Amazônica (RCA) e apoio da Rainforest Foundation Noruega (RFN), o evento finalizou o processo com a participação no Seminário Percepções e Experiência dos Povos Indígenas no Contexto das Mudanças Climáticas, realizado na Câmara dos Deputados, onde o mesmo, Davi Yanomami, reforçou o pedido pela proteção e preservação da floresta.

O seminário faz parte da agenda das lideranças indígenas da Raposa Serra do Sol que estão em Brasília com a missão de apresentar os avanços, a vivência e as conquistas após a homologação do território tradicional dos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Patamona, Taurepang e Ingaricó. A agenda iniciada anteontem, 2, segue até sexta-feira, 6, com audiências e reuniões nos órgãos públicos do Poder Executivo e Judiciário.

Como fonte das atuais conquistas e avanços, as lideranças indígenas vão apresentar no seminário o dossiê “Raposa Serra do Sol e os direitos dos povos indígenas” contendo 17 páginas, um documento elaborado recentemente, que vem com informações inéditas da atual vivência dos povos indígenas da Raposa Serra do Sol. Uma vivência que desmente o antigo discurso político de que os “índios” da Raposa Serra do Sol estão passando fome, no lixão de Boa Vista e até de que o território está abandonado, o que não é verdade, conforme constatado no dossiê.

Além da presença dos dois líderes, o seminário vai receber mais duas lideranças tradicionais da Raposa Serra do Sol, o Tuxaua Pedro de Souza Silva e a professora Irani Barbosa dos Santos, além do vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Edinho Batista de Souza, a coordenadora do departamento Ambiental e Territorial e coordenadora da Câmara Técnica sobre Mudanças Climáticas no âmbito da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial (PNGATI), Sineia Bezerra do Vale, a coordenadora Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, a coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Francinara Soares, a coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), o Secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cleber Buzatto, e o Antropólogo e professor adjunto do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), Henyo Barreto. O anfitrião do seminário será o diretor da Faculdade de Direito da UnB, Mamede Said, que estará na mesa de abertura.

A programação iniciará com a defumação do Maruwai e canto tradicional na língua Macuxi, com a liderança Eldina Gabriel, do povo Macuxi, da terra indígena Raposa Serra do Sol. Em seguida, a composição da mesa de abertura e, depois, o tema central e de debate do seminário: Raposa Serra do Sol e os direitos dos povos indígenas.

Após a exposição dos convidados haverá debate e o encerramento com danças e cantos tradicionais no estilo parixara e tukui. O evento tem a expectativa de receber a comunidade acadêmica da UnB e a sociedade em geral.

Sobre o Dossiê

O Dossiê, que possui 17 páginas, 11 de conteúdo e 6 de registro fotográfico, traz informações do atual número da população indígena da Raposa Serra do Sol, do quadro de professores indígenas e agentes indígena de saúde, da formação dos Agentes Territorial e Ambiental indígena (ATAI), da elaboração dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA), construído pelo Centro Maturuca, região das Serras e Pólo base Santa Cruz, do encontro do projeto de Gado nas comunidades indígenas da TI Raposa Serra do Sol, iniciativa pioneira de sustentabilidade, surgida na Raposa Serra do Sol e difundida nas demais terras indígenas em Roraima, os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) que apontam que em 2010 a agricultura familiar do município do Uiramutã e Normandia, formada de famílias indígenas, vendeu mais de 98 toneladas de alimentos para o Programa de Aquisição de Alimento (PAA), a existência de 41.243 animais bovinos, entre outras informações, que somam o resultado de um projeto de vida alcançado com luta, união e resistência nos últimos 12 anos de homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Esse curto e importante documento já foi entregue nos gabinetes de nove Ministros dos onze do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feira, 3. Receberam o dossiê os Ministros, Dias Toffli, Celso de Melo, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e o único que recebeu a comissão, Gilmar Mendes. Faltou entregar no gabinete da Presidente do STF, Cármem Lúcia e do Ministro Alexandre de Morais que ficou de receber a comissão nesta quarta-feira, 4.

Conselho Indígena de Roraima – CIR

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