Discurso dissociado da prática. Defesa da Amazônia para a seleta plateia da ONU e apoio irrestrito da bancada ruralista em projetos que trazem flagrantes retrocessos ambientais para o Brasil. Comemora dados preliminares de uma possível queda do desmatamento na Amazônia, prontamente desmentido, e não desiste de liberar a área da Renca para a exploração mineral, além de cortar o orçamento do ministério do Meio Ambiente

É esta a toada do governo Michel Temer, demonstrada no pronunciamento na 72ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça (19/09), em Nova York. Enquanto isso, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, sinalizava que a pauta da Renca está viva e que novos passos deverão ser dados pelo governo federal, a despeito da decisão judicial que anulou o decreto, criticado internacionalmente.

No mesmo dia, o movimento #Resista, que reúne mais de 150 organizações da sociedade civil, incluindo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM, denunciou em protesto na capital federal e em carta-manifesto que o discurso de Temer não condiz com a realidade e que a sociedade não vai aceitar mais retrocessos na agenda socioambiental impostos pelo governo e pela bancada ruralista no Congresso.

“Esse discurso dúbio não será tolerado”, reforça a diretora de ciência do IPAM, Ane Alencar. “O governo precisa se posicionar de fato contra a extinção da Renca e a favor da Amazônia”, afirma.

Longe da tentativa de passar a impressão de avanços positivos na agenda socioambiental, o movimento #Resista lembra no manifesto que não aceitaremos a entrega de nosso país, de nossos recursos naturais, de nossas florestas, a retirada de direitos das populações tradicionais e camponesas, nem a criminalização da luta social.  “A nossa diversidade (biológica e cultural) é nossa maior riqueza e não deve servir como moeda de troca em obscuras negociatas políticas no Congresso”, diz a carta-manifesto divulgada pelo grupo.

As organizações participantes do #Resista reforçam sua posição contrária a iniciativas retrógradas do governo, que incluem: redução e extinção de áreas protegidas; paralisação das demarcações de terras indígenas, quilombolas e da reforma agrária; enfraquecimento do licenciamento ambiental, ataque à soberania e aprofundamento da insegurança alimentar e nutricional; tentativas de desregulamentação e liberação de agrotóxicos ainda mais agressivos à saúde da população e ao meio ambiente; venda de terras para estrangeiros; anistia a crimes ambientais e a dívidas do agronegócio; legalização da grilagem de terras; supressão de direitos de mulheres, de povos e comunidade tradicionais, populações camponesas, trabalhadores e trabalhadoras rurais e urbanos; e liberação de áreas de floresta para a exploração mineral.

Toda a sociedade, os povos das águas, do campo e das florestas, os coletivos urbanos e a população em geral são convidados a se juntar nessa articulação.

Leia a íntegra da carta.

 

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FONTE: IPAM Amazônia