Pesquisas realizadas a pedido da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) descartaram a presença de bactérias e de toxinas nas águas do rio Iriri, que nasce no norte do Mato Grosso e banha o estado do Pará. As amostras, coletadas pela Sesai em diferentes pontos do Iriri, foram encaminhadas para dois laboratórios – um particular e outro público – que concluíram pela normalidade da água, que está liberada para consumo e para atividades habituais das comunidades indígenas.
A pesquisa foi solicitada depois que a Funai recebeu informação da morte de peixes, e de pessoas que se sentiram mal pós a ingestão de água do rio, em aldeias da etnia Panará, no fim de julho deste ano. Em seguida, os Kaiapó, que habitam a parte mais abaixo do Iriri, relataram o aparecimento de grande quantidade de peixes mortos, jacarés e até uma cobra sucuri.
O Ibama, informado pela Funai, realizou sobrevoo na área e também coletou amostras de peixes e de água logo após o ocorrido, e a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) realizou ainda testes por meio do Laboratório de Ictiofauna da Amazônia Meridional. Os resultados preliminares das análises do Ibama e da Unemat demonstraram uma alteração no pH da água (apresentando-se mais alcalino). A hipótese levantada para a causa da contaminação foi a de proliferação de cianobactérias.
Uma série de medidas emergenciais foi tomada, como o envio de água potável e perfuração de poços pela Sesai, além de alimentos e água potável pela Funai, uma vez que os indígenas não podiam consumir nem peixes, nem animais de caça que bebem a água do rio, por questão de segurança. A Sesai também orientou que a recreação da população nesse curso d’água fosse interrompida até a conclusão de análises mais aprofundadas enviadas pela Sesai aos laboratórios. Outra medida adotada pela Funai foi a articulação com o Ibama, a fim de verificar a água no entorno da Terra Indígena e realizar reunião junto à Defesa Civil Nacional. O objetivo foi obter o reconhecimento da emergência pela União e garantir aporte de recursos para o município de Guarantã do Norte/MT.
Análises
De acordo com informações da Sesai, foram coletadas amostras de água em diferentes pontos do rio Iriri, nos dias 2, 3 e 8 de agosto de 2017, e submetidas às análises de cianobactérias, cianotoxinas, metais pesados e agrotóxicos por dois laboratórios – um particular, contratado a fim de agilizar os resultados, e o Instituto Evandro Chagas-IEC, laboratório referência do Ministério da Saúde.
No momento da coleta, a água estava mais cristalina e não havia peixes mortos para a realização de análises mais específicas, mesmo assim, foram identificadas algumas espécies de cianobactérias, mas dentro do previsto pela Portaria nº 2914/2011, do Ministério da Saúde, não oferecendo riscos.
Os laboratórios também realizaram análises para verificar a presença de microcistina, tipo de cianotoxina produzida por mais de uma espécie das cianobactérias encontradas nas amostras coletadas, no entanto não foi constatada a presença desse microrganismo. Foram analisados ainda mais de 28 tipos de agrotóxicos e nove tipos de metais pesados. Não foram verificadas concentrações acima do que é permitido pela legislação.
Ana Heloisa d’Arcanchy – Ascom/Funai – Água do rio Iriri está liberada para consumo — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br)