A publicação reúne informações relevantes e atuais de 18 espécies de quelônios da Amazônia, como tartaruga-da-amazônia, tracajá, irapuca e perema, para contribuir com o conhecimento do grupo e para o desenvolvimento de ações de conservação. 

Nesta quinta-feira (3), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTIC) e a Organização Não-Governamental Wildlife Conservation Society (WCS Brasil) lançam o livro “Quelônios Amazônicos: guia de identificação e distribuição”.  Na Amazônia são encontradas 18 espécies de quelônios, um dos grupos de vertebrados mais ameaçados do mundo por serem altamente vulneráveis a impactos humanos, principalmente pelo comércio em grande escala.

O lançamento acontecerá, as 17h, no Centro de Estudo de Quelônios da Amazônia (Cequa), que fica dentro do Bosque da Ciência do Inpa, localizado na rua Bem te Vi, s/nº, Petrópolis, zona Sul de Manaus. São autores da publicação: Camila Ferrara, Camila Fagundes, que fizeram doutorado no Inpa e hoje atuam na ONG; Thais Morcatty, mestranda em Ecologia do Inpa, e o pesquisador Richard Vogt, um dos maiores especialistas em conservação e ecologia de tartarugas de água doce.

De acordo com Camila Fagundes, que é coordenadora de análises espaciais da WCS Brasil, o guia é um importante instrumento que reúne as informações mais relevantes e atuais dos quelônios amazônicos para contribuir, principalmente, com ações de conservação a serem desenvolvidas por diferentes públicos. Entre eles estão pesquisadores e estudantes, gestores de áreas protegidas e tomadores de decisões.

O livro compila informações atualizadas sobre taxonomia (identificação), biologia, ecologia, ameaças e distribuição das espécies de quelônios da Amazônia. Um dos diferenciais do livro é que é o primeiro sobre quelônios lançado no Brasil que contém mapas de distribuição e de áreas ambientais adequadas à ocorrência de cada uma das 18 espécies da Amazônia, chave taxonômica para auxiliar na identificação de indivíduos jovens e adultos e imagens em tamanho real dos ovos de cada espécie para contribuir no seu reconhecimento.

“A obra também procura informar sobre incertezas e divergências nas pesquisas sobre as espécies contempladas, como o questionamento da validade taxonômica de algumas espécies, e propõe estudos prioritários a serem desenvolvidos para o conhecimento e conservação do grupo”, contou Camila Fagundes, que é bióloga com doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Inpa.

De acordo com os autores, a obra vem suprir uma carência de uma fonte atualizada que reúna o conhecimento científico disponível sobre os quelônios, o que limita a capacidade de diferentes atores e instituições desenvolver ações conjuntas de conservação.

Cerca de 50% das espécies de quelônios do mundo estão listadas em alguma categoria de ameaça de extinção ou já foram extintas. Na Amazônia, as espécies de quelônios também são altamente vulneráveis, já que a cultura de consumo de ovos e carne dessas espécies, como da tartaruga e do tracajá, ainda é bastante presente. Além do consumo, os quelônios são ameaçados pela perda de habitat ocasionada pelo desmatamento, construção de hidrelétricas e mineração. 

“Para se ter ideia, a tartaruga da Amazônia viaja centenas de quilômetros pelos rios amazônicos e retorna para desovar em seus locais de origem, sendo muito vulneráveis a alterações no leito dos rios”, destacou o pesquisador do Inpa, Richard Vogt.

 

Estratégias de Conservação

Segundo Camila Fagundes, as estratégias de conservação adotadas na Amazônia abrangem principalmente a proteção dos sítios de reprodução das espécies que desovam em praias e o monitoramento de fêmeas reprodutivas, e envolvem com frequência os moradores locais nessas atividades.

“Entretanto, para garantir maior eficácia da conservação dos quelônios na Amazônia é imprescindível conhecer a dinâmica populacional das espécies – onde se estuda sobrevivência, crescimento e fecundidade, por exemplo – especialmente para as espécies da família Podocnemididae e Testudinidae, devido ao alto grau de exploração que sofrem para consumo”, assegurou Camila Fagundes.

Informações hoje ainda incipientes sobre a biologia das espécies e a estruturação genética das populações, segundo Camila Fagundes, também são fundamentais nesse trabalho, por ajudar na compreensão das consequências de atividades humanas, como perda de habitats, construção de barragens e mudanças climáticas sobre o grupo dos quelônios. “Esse conhecimento pode subsidiar e nortear o desenvolvimento de medidas de conservação e mitigação de impactos nas populações de quelônios ameaçados”, disse.

Saiba mais sobre o Guia

Publicada pela Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), por meio do financiamento da Fundação Betty & Gordon Moore, a obra de 180 folhas teve a tiragem inicial de 1000 exemplares. Os interessados em adquirir o livro poderão fazê-lo no lançamento e após a data na sede da WCS Brasil, que fica na Universidade Federal do Amazonas (Mini campus da Ufam, Bloco H) ou na Editora Inpa (Campus I).

Da Redação – Ascom Inpa

Foto: Camila Ferrara, Elis Perroni e Cimone Barros 

 

AS FOTOS ESTÃO DISPONÍVEIS EM: http://portal.inpa.gov.br/index.php/ultimas-noticias/2928-inpa-e-ong-wildlife-conservation-society-lancam-guia-sobre-quelonios-da-amazonia