Uma das ameaças destacadas por Philip Fearnside é a proposta de abertura da rodovia da BR-319 (Manaus-Porto Velho).

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), Philip Fearnside, fez uma palestra sobre “Ameaças aos Serviços Ambientais da Amazônia” na 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Minas Gerais, na última quinta-feira (20). A atividade ocorreu dentro da programação Diálogos com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Uma das ameaças destacadas pelo pesquisador foi a proposta de abertura da rodovia da BR-319 (Manaus-Porto Velho). Ao longo da rodovia existe a “zona blindada” de áreas protegidas, porém, ele mostrou que há planos para estradas laterais que cortariam essa blindagem e dariam acesso a vastas áreas de floresta para grileiros e sem terras. A rodovia também levaria os atores e processos do arco de desmatamento para a Amazônia Central e para Roraima e outras áreas que já estão conectadas com Manaus por estradas existentes.

De acordo com Fearnside, o transporte fluvial é mais barato que o rodoviário. “Diferente de todas as outras grandes obras no País, não há um estudo de viabilidade para a BR-319. Um estudo de viabilidade avalia os custos e benefícios econômicos de qualquer obra”, disse o pesquisador.

Fearnside destaca a tese de Karenina Teixeira, da Universidade de São Paulo, que mostra que transportar containers de Manaus para São Paulo seria 19% mais caro via a rodovia BR-319 do que pelo sistema atual que leva carretas em balsas até Belém e de lá para São Paulo por rodovia. Esse estudo também mostra que transportar os containers por navio ia ser 37% mais barato que o sistema atual.

Outro estudo, feito por economistas do Fundo de Conservação Estratégica, também demonstra a completa inviabilidade econômica da BR-319, segundo o pesquisador. Fearnside, que é conhecido por suas posições contrárias à rodovia, acredita que a principal razão de ser do projeto da rodovia é de ganhar votos em Manaus. Ele é autor de mais de uma dezena de trabalhos sobre diferentes impactos dessa rodovia, disponíveis em http://philip.inpa.gov.br, além de muitos trabalhos sobre alternativas para sustentar a população tradicional no interior da região com base no valor dos serviços ambientais da floresta.

Fonte: Inpa

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