A Noruega quer garantias do presidente Michel Temer de que se reverterão as taxas de desmatamento no País, sob risco de suspensão ou redução do pagamento da próxima parcela de contribuição ao Fundo da Amazônia, no fim de 2017. O Estado apurou que o tema está sob consideração em Oslo e, após a visita de Temer ao país nesta semana e da análise de dados técnicos, uma decisão será tomada no segundo semestre.

Pelo acordo de 2008, a distribuição de verbas para bancar ações de proteção da Amazônia só ocorre com resultados no combate ao desmate. Como em 2015 e 2016 houve aumento da área desflorestada, o dinheiro pode ser reduzido.

No primeiro acordo, US$ 1 bilhão foi entregue ao Brasil. Em 2015, Oslo prometeu mais US$ 600 milhões até 2020. No ano passado, parcela de US$ 100 milhões foi entregue. Mas, até o fim do ano, a Noruega avaliará se suspende temporariamente o pagamento, reduz ou mantém a transferência. Essa é a primeira vez que a cooperação vive esse questionamento.

O ministro do Meio Ambiente norueguês, Vidal Helgeser, já enviou carta ao ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, para expor críticas sobre a proteção ambiental no País. Em carta de resposta, Sarney disse esperar continuidade nas parcerias e afirmou que seria “prematuro” avaliar que os repasses serão limitados. Há sinalização de que as taxas de desmate cairão.

O Estado de S. Paulo | BR | Metrópole | Página A16

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‘Vemos tendências preocupantes’, diz ministro norueguês do ambiente

O clima na Noruega tampouco está favorável para o presidente Michel Temer (PMDB), que desembarca em Oslo nesta quinta-feira (22) para uma viagem de dois dias.

Insatisfeito com o salto no desmatamento nos últimos dois anos, o principal doador internacional para projetos na Amazônia questionará o mandatário brasileiro sobre os rumos da política ambiental do país.

O tom da recepção está em carta enviada ao governo brasileiro pelo ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Vidar Helgesen, na qual demonstra preocupação com propostas como a implantação de regras mais frouxas de licenciamento ambiental e a redução na proteção de unidades de conservação.

Em tom duro raramente usado na linguagem diplomática, o ministro afirmou que “aparenta ser falsa” a dicotomia do debate brasileiro que opõe preservação ambiental ao desenvolvimento econômico.

“O Brasil demonstrou na última década que não é necessário haver uma dicotomia entre expandir a produtividade agrícola e a proteção das florestas. E ainda que seja compreensível a pressão pela execução mais eficiente de investimentos em infraestrutura, tampouco precisa ocorrer à custa de normas ambientais”, escreveu.

Em entrevista à Folha em Oslo, Helgesen diz que o Brasil progrediu muito no combate ao desmatamento na última década, mas que vê “tendências preocupantes”. “Se o desmatamento cair, haverá fundos noruegueses.”

Folha de S. Paulo | BR | Ciência | Página B05

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