Para falar sobre a história da medicina e da evolução das doenças na Amazônia, o médico e historiador Antonio José Souto Loureiro foi o convidado da 47ª Reunião do Grupo de Estudos Estratégicos (Geea).

A medicina no Amazonas, durante o século XVIII, assim como nas demais colônias portuguesas, foi exercida físicos e cirurgiões e, ilegalmente, por uma grande quantidade de charlatães, práticos, curadores, curiosos, pajés, curandeiros e barbeiros. Para falar sobre a história da medicina e da evolução das doenças na Amazônia, o médico e historiador Antonio José Souto Loureiro foi o convidado da 47ª Reunião do Grupo de Estudos Estratégicos (Geea), desta quinta-feira (22), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).

O médico conta que os cirurgiões prestavam exames nos hospitais em que haviam praticado e, se aprovados, recebiam carta dando-lhes o direito de exercerem a cirurgia e excepcionalmente a clínica, onde não existissem físicos. Ao lado deles atendiam os cirurgiões-barbeiros, seus aprendizes ou ajudantes, algum com cartas e realizando pequenas operações, sarjando tumores, sangrando, aplicando ventosas e sanguessugas, extraindo dentes e cortando cabelo.

De acordo com Loureiro, que foi presidente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e ex-articulista de um jornal local, relata que a malária, a varíola e o sarampo eram as doenças que mais aterrorizaram a região naquele período. Ele explica que a causa dessas doenças estava ligada à entrada de emigrantes nordestinos, que vinham nas terceiras classes das embarcações, em péssimas condições sanitárias e já doentes para os seringais para onde eram destinados.

“Entre as doenças daquela época, também registrou-se a elefantíase dos gregos, a pinta ou puru-puru, uma trepanematose só mais tarde identificada, muito comum entre os índios do Purus, caracterizada por manchas hipocrômicas espalhadas pelo corpo, falsamente relacionada, até hoje, com a ingestão de peixes gordos e nocivos”, explica Loureiro.

Dentre os convidados para a 47ª Reunião do Geea, estavam presentes o diretor do Inpa Luiz Renato de França, o arcebispo de Manaus Dom Sergio Castriani e o economista Osiris Silva.

“Loureiro é um dos médicos de maior importância no Amazonas, que aliou a sua formação médica com o estudo da história da Amazônia. Sua clínica médica era mais voltada para as populações menos favorecidas”, diz Silva.

Sobre o Geea

O Geea é um grupo multidisciplinar de pessoas interessadas na Amazônia, no desenvolvimento sustentável da região e na promoção do ser humano. É formado por cientistas, professores, empresários, poetas, religiosos e gestores que se reúnem a cada três meses para debater temas previamente escolhido e apresentado por uma autoridade no assunto. O secretário-executivo do Geea é o pesquisador Geraldo Mendes.

Fonte: Inpa

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