Há uma semana em protesto, o povo Munduruku segue firme da luta pela garantia de seus direitos; diante da omissão do governo Temer, cresce a tensão na região.
Em aliança com lideranças das populações tradicionais do rio Tapajós, lideranças do povo Munduruku seguem bloqueando, desde quarta-feira (26), a rodovia Transamazônica (BR-230) na altura de Itaituba (PA), cobrando a demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu, o respeito ao direito de Consulta Livre Prévia e Informada, bem como o fortalecimento da FUNAI. Cerca de 130 pessoas ocupam uma ponte da rodovia, próximo aos portos de Miritituba, onde operam grandes traders como a Bunge, Amaggi e Cargill.
Considerada como a pauta principal do protesto, a demarcação da terra indígena Sawré Muybu, segue paralisada na FUNAI, ao sabor dos interesses do agronegócio e do setor elétrico, embora o território já tenha sido identificado oficialmente pela FUNAI como terra tradicional do povo Munduruku.
Além de protestar contra a paralisação do processo de demarcação da Sawré Muybu, as lideranças denunciam a atuação parcial do governo Michel Temer em favor da grilagem de terra na região, do setor madeireiro e do agronegócio; ignorando o direito originário do povo sobre os territórios ainda não reconhecidos, bem como a ausência de consulta prévia para todos os empreendimentos planejados ou em execução na bacia do Tapajós.
Em carta divulgada nas redes sociais, eles explicam suas exigências e afirmam estarem dispostos a manter o bloqueio até que o governo concorde em respeitar seus direitos constitucionais. Segundo nota do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), “caso haja demora nessa manifestação, um conflito pode estourar na região, tendo em vista a crescente tensão no local”.
No dia 30 de abril, os Movimentos Sociais do Tapajós e da região da BR 163, da Transamazônica e demais organizações que atuam na região, soltaram uma nota de apoio à luta do povo Munduruku.
Leia aqui a carta com as reivindicações Munduruku.
Reivindicações na ONU
Na semana passada, lideranças Munduruku estiveram no Fórum Permanente de Assuntos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU) junto com lideranças Yanomami e de outros povos para denunciar as violações de direitos cometidas pelo governo brasileiro. Também participaram povos indígenas de outros países das Américas.
Segundo informações do CIMI, depois de contar sobre os planos do governo brasileiro para construir mais de 40 hidrelétricas na Bacia do Tapajós, o cacique Juarez Saw concluiu sua fala chamando os indígenas presentes para ‘lutarem juntos’. “Nós viemos aqui para ouvir os parentes dos EUA e para que eles abracem nossa causa também e assim fazermos da luta uma só”, defendeu o cacique.
A situação do Tapajós tem sido observada de perto pela Relatora Especial das Nações Unidas (ONU) para os Direitos dos Povos Indígena, Victoria Tauli-Corpuz. Em 2016, lideranças do Munduruku entregaram à relatora uma carta redigida pelo povo por intermédio da Associação Indígena Pariri e do Movimento Ipereg Ayu, denunciando todas as violações cometidas pelo Estado brasileiro contra seu povo.
Fonte: Greenpeace
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