O Parque Nacional do Cabo Orange, no litoral do Amapá, é uma espécie de Disneylândia dos pássaros e, por consequência, uma festa para observadores e ornitólogos profissionais.
A variedade de cores e cantos impressiona. Pesquisadores já registraram a existência de 358 espécies de aves na região, mas estima-se que esse número possa ser ainda maior, já que certas áreas são difíceis de acessar.
A lama do mangue é nutritiva para as plantas e para uma variedade de insetos e crustáceos. “Há aves que vem do Alaska e pousam na região do parque para se alimentar no período que estão ganhando energia”, conta Paulo Silvestro, analista ambiental do ICMBio, enquanto aponta para uma nuvem de minúsculos pássaros pretos e brancos coreografando sobre o ziguezague do canal, os maçaricos-rasteiros do Ártico.
Os maçaricos não são os únicos a utilizar o Cabo Orange como colônia de férias. Flamingos reúnem-se em seus estuários para se reproduzir entre novembro e janeiro. É o único lugar do Brasil onde estes animais podem ser encontrados na natureza.
Garças brancas e azuis reviram a lama atrás de pequenos caranguejos, ao lado de Colhereiros. Estas aves, que possuem uma linda plumagem rosa pálido, tem bicos em forma de colher, que utilizam para revirar a lama em movimentos circulares. A cor rosada deve-se a dieta rica em carotenoides, abundante nos saborosos caranguejinhos dos quais se banqueteiam as aves aquáticas. Guarás vermelho escarlate pontilham o verde da floresta em sua revoada. Parecem enfeites em uma árvore de Natal.
Mas apesar de serem as estrelas do espetáculo, as aves não são os únicos animais do Cabo Orange. Sob as florestas de Mangue Branco, com suas copas altas, vivem veados, várias espécies de macacos e até onças.
Percorrendo um canal aberto pela maré no meio da floresta, identificamos diversas pegadas de onça, bem marcadas na lama fofa do mangue. De um lado para o outro, a pintada – ou seria uma preta? – se refastelou na água. Devia estar enchendo o bucho de Tralhotos, peixinhos fascinantes, que “andam” sobre a água, e existem em abundância por esses lados.
A vida é boa na floresta. Tem o necessário, somente o necessário. O extraordinário seria mesmo demais.
VER NOTA NAS FOTOS:
(1) Guarás and egrets flying over mangrove area in Cabo Orange National Park. The Amapá state coast, in the extreme north of Brazil, is in the crosshairs of the international oil industry. The site brings together various biomes such as tropical forests and mangroves, and an important biome still little known to science, the Barrier Reef of the mouth of Amazonas river, newly discovered and already threatened by oil exploration. AMAPÁ, BRASIL, 2016: Guarás e Garças sobrevoam área de mangue no Parque Nacional do Cabo Orange. A costa do estado do Amapá, no extremo norte do Brasil, está na mira da indústria petrolífera internacional. O local congrega biomas variados, como mangues e florestas tropicais, e um importante bioma ainda pouco conhecido pela ciência, o Recife de Corais da Foz do Amazonas, recém descoberto e já ameaçado pela exploração de petróleo.
(2) CALÇOENE, AMAPÁ, BRASIL, 2016: Pássaros na praia do Goiabal. A costa do estado do Amapá, no extremo norte do Brasil, está na mira da indústria petrolífera internacional. O local congrega biomas variados, como mangues e florestas tropicais, e um importante bioma ainda pouco conhecido pela ciência, o Recife de Corais da Foz do Amazonas, recém descoberto e já ameaçado pela exploração de petróleo. // Calçoene, Amapa, BRAZIL, 2016: Birds on the beach of Goiabal. The coast of Amapá state, in the extreme north of Brazil, is in the crosshairs of the international oil industry. The site brings together various biomes such as tropical forests and mangroves, and an important biome still little known to science, the Barrier Reef of Foz do Amazonas, newly discovered and already threatened by oil exploration.
(3) Black Bearded Saki (Chiropotes satanas) in the Amazon.
Por: Rosana Villar – Fonte: Greenpeace
VER MAIS EM: http://amazonia.org.br/ – http://amazonia.org.br/2017/02/tudo-o-que-um-passaro-quer/ (não mais disponível)