Um evento organizado pelo Ministério do Meio Ambiente reuniu hoje em Brasília representantes do governo federal, jornalistas, cientistas e sociedade civil para discutir os mais recentes dados do desmatamento da Amazônia e próximos passos para combatê-lo.
O período 2014/2015 mostrou a maior taxa dos últimos quatro anos, batendo 6.207 quilômetros quadrados, um aumento de 24% em relação ao período anterior. O número volta a preocupar, pois indica cansaço do modelo de comando e controle e pode colocar em risco o compromisso climático assumido pelo Brasil internacionalmente.
A mudança do uso do solo é ainda o setor responsável pela mais emissão de gases estufa, principalmente o gás carbônico. “Este seminário é uma oportunidade para discutir as possíveis soluções da redução do desmatamento e é um reflexo da importância do diálogo sobre um tema tão urgente de forma transparente”, disse a diretora de Políticas de Combate ao Desmatamento do MMA, Thelma Krug, na abertura.
A diretora adjunta do IPAM Ane Alencar apresentou dados sobre o desmatamento nos assentamentos. Estudo do instituto divulgado no início deste ano indica que somente 2% dos assentamentos contribuem com 50% do corte.
Além disso, 72% do desmatamento nos assentamentos são grandes. Essa não costuma ser uma característica de derrubada feita por agricultores familiares, o que pode indicar reconcentração de terras.
Para evitar essa tendência, “é preciso uma força tarefa de vários órgãos para apoiar os assentados em diversas etapas, fornecendo assistência técnica que integre produção e mercado, fomentando a organização social nas regiões e facilitando o acesso a políticas públicas”, disse.
Destinação
Outro tema discutido foi a importância das áreas protegidas no controle das taxas de desmatamento. “Homologação de terra indígena reduz desmatamento”, disse o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho, durante o seminário.
Ele lembrou que há registros de mudanças no clima regional devido ao desmatamento somado às mudanças climáticas, e que portanto a criação de novas áreas protegidas é urgente – inclusive em áreas públicas que hoje não têm destinação definida.
Estudo realizado em 2011 mostra que existem quase 48 milhões de hectares de florestas na Amazônia que, se destinados para conservação, evitariam o desmatamento de 2,7 milhões de ha ou o equivalente de 1 Gt CO2 de emissões de carbono.
Moutinho também pediu o fim do desmatamento: “Não podemos esperar até 2030 pra acabar com o desmatamento legal e ilegal, 2030 é agora.” Segundo o compromisso brasileiro para reduzir as emissões de gases estufa no país, o controle seria feito apenas sobre a ação criminosa.
05.10.2016 • Notícias
FONTE: IPAM
Deixe um comentário