Um grande e engenhoso esquema de extração ilegal de madeira na terra indígena Rio Mequéns foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal em Ji-Paraná (RO). A denúncia é um dos desdobramentos da Operação Mesclado, realizada em 2014. A terra indígena localiza-se na divisa dos municípios de Alto Alegre dos Parecis e Parecis (RO).
O MPF aponta que a organização criminosa era formada por madeireiros, detentores de planos de manejo, motoristas de caminhões “toreiros”, tratoristas, lideranças indígenas, olheiros, batedores, entre outros. Segundo o órgão, havia um “engenhoso esquema” para “esquentar” a madeira por meio de emissões e transferências simuladas de créditos “virtuais” do Sistema de Documento de Origem Florestal (SisDOF), usando também “laranjas” e planos de manejo fraudulentos em Rondônia e outros estados.
Assim, donos de áreas florestais transferiam a madeireiros os créditos de madeira de seus planos de manejo. Pelo SisDOF, movimentavam as toras, mas não as entregavam efetivamente. Com isso, a madeireira, receptora dos créditos, poderia “esquentar” a madeira ilegal vinda da terra indígena.
Desta forma, os proprietários de plano de manejo forneciam créditos “virtuais” de madeira e ainda permaneciam com suas áreas intactas, visto que eram aprovadas de modo superdimensionado.
Os madeireiros são apontados pelo MPF como os principais estimuladores da organização criminosa que funcionava dentro da terra indígena. Eles usavam intermediários e conseguiam permissão de caciques para entrar na área, derrubar árvores e retirar as toras de espécies nobres, como cerejeira, ipê, oiticica, garapa, peroba e muitas outras.
Informações, relatórios e laudos da Polícia Federal e da Polícia Militar Ambiental fazem parte da denúncia e narram incursões feitas à terra indígena ao longo dos anos de 2013 e 2014. Nessa época, descobriu-se que já havia uma “malha de estradas” que demonstrava o “ritmo desenfreado de extração e transporte de madeira”. Em certas épocas a área chegava a ter 15 tratores trabalhando ao mesmo tempo.
A denúncia do MPF é contra 35 pessoas e seis madeiras e será julgada pela Justiça Federal em Ji-Paraná.
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