O Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e os ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) realizaram nesta semana o Seminário de Nivelamento de Informações e Conhecimentos sobre a Invasão de Javalis (Sus scrofa) no Território Nacional.

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“Estamos agora fazendo uma reavaliação e trabalhando de maneira unificada com os atores interessados no tema para construir um Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento da espécie”, disse o coordenador-geral de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, João Pessoa Riograndense. Para o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, o importante é que o plano seja o resultado de uma convergência. De acordo com o Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, Luis Eduardo Rangel, é fundamental a definição de papéis para o progresso das ações. “Nosso objetivo com este seminário é a conversa com diversos grupos com visões diferentes”, apontou o secretário substituto de Biodiversidade e Florestas do MMA, Fernando Lyrio. As informações produzidas a partir do seminário servirão de base para a elaboração do plano nacional, que deverá prever atores e atividades a serem realizadas para o manejo adequado da espécie.

Durante os dois dias de seminário, representantes de diversos setores públicos e privados partilharam informações da ecologia do animal, histórico da invasão, distribuição, prejuízos, questões legais, perspectivas e experiências de manejo para que os presentes pudessem ter um panorama geral da situação. Entre os principais problemas econômicos e ambientais apontados pelos palestrantes estão o rápido crescimento populacional, a falta de predadores, o assoreamento de córregos e nascentes, a exposição do solo, a competição com espécies nativas, a possibilidade de transmissão de doenças para humanos e rebanhos, o ataque a pessoas e animais domésticos, a predação de animais de criação e a devastação de plantações.

“No Mato Grosso do Sul estimamos que o javali esteja destruindo entre 15% e 20% das lavouras de milho”, informou o representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade)-MS, Renato Garnes. Segundo ele, há relatos de javalis em 46 dos 79 municípios do estado. Em 2007, estavam presentes em apenas sete municípios. Segundo João Pessoa, o problema já afeta 14 estados, além do Distrito Federal.

Experiências de manejo

Foram apresentados diversos métodos de manejo. Segundo palestrantes, os mais utilizados são a perseguição com cães e o uso de cercados, mas todas as técnicas são complementares. “Alguns produtores também eletrificam as cercas, o que apenas leva os javalis para outra propriedade”, disse a analista do Ibama Graziele Batista.

Seja qual for o método utilizado, deve-se evitar que os animais sejam submetidos a tratamento cruel, em respeito aos artigos 225 da Constituição Federal e 32 da lei 9.605, de 1998, conforme destacou em sua palestra o coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama, Roberto Cabral. Segundo ele, métodos considerados cruéis serão alvo de fiscalização e autuação. A representante do Fórum Nacional de Proteção e Defesa ambiental, Vânia Plaza, também destacou que é preciso levar em consideração o bem-estar animal. “A dor no animal é tão presente quanto no homem pois a biologia das emoções é semelhante”, disse ela.

Próximos passos

O coordenador do Ibama anunciou que o Instituto adotará sistema informatizado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para emitir licenças e receber relatórios relacionados ao manejo do javali. Durante o evento, palestrantes apontaram que a falta de um sistema online torna mais difícil para os produtores rurais realizar os procedimentos de acordo com a norma.

Um Grupo de Trabalho (GT) criado pelo MMA, com a participação do MAPA, realizará uma consulta pública em outubro e, no mês seguinte, promoverá uma oficina para elaborar o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali, que será publicado em portaria interministerial do MMA e do MAPA.

Histórico

Considerado uma das cem piores espécies exóticas invasoras do mundo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o javali europeu provoca graves problemas ambientais, sociais e econômicos no país. A proliferação levou o Ibama a autorizar o abate controlado em 2013, medida de manejo necessária para deter a invasão da espécie e adquirir conhecimento da ecologia do javali em território nacional.

O javali é um porco selvagem, originário da Europa, Ásia e norte da África. Foi introduzido em diversas regiões do mundo como animal de criação para a produção de carne, tornando-se também um problema nesses países. Durante anos considerou-se que a invasão de javalis asselvajados no território brasileiro tivesse ocorrido pela fronteira sudoeste do Rio Grande do Sul com o Uruguai, motivada possivelmente pela diminuição na oferta de alimento no país vizinho. Atualmente, é consenso que boa parte dos animais foi trazida clandestinamente do Uruguai, em caminhões, por pessoas interessadas em sua criação. Esses animais escaparam do cativeiro, se reproduziram sem controle e seus descendentes vivem soltos, causando impactos ecológicos até hoje.

Mais informações:

Trechos do seminário foram gravados em vídeo

Assessoria de Comunicação do Ibama
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(61) 3316-1015

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