O jornal Folha de Boa Vista em sua edição impressa de hoje, 7 de setembro de 2016, veicula em sua página 12 matéria intitulada: “MONTE CABURAÍ EXPEDIÇÃO QUE CONFIRMOU EXTREMO NORTE BRASILEIRO COMPLETA 18 ANOS” – FOLHA DE BOA VISTA
O site do jornal – http://www.folhabv.com.br/ – posta matéria com o mesmo título no link: Expedição que confirmou extremo Norte brasileiro completa 18 anos – Folha de Boa Vista (folhabv.com.br)
O Prof. Dr. Jaime de Agostinho – Presidente da Fundação para o Ecodesenvolvimento da Amazônia – ECOAMAZÔNIA – encaminhou correspondência eletrônica ao jornal comentando equívocos na matéria veiculada.
Ver íntegra:
À REDAÇÃO DA FOLHA DE BOA VISTA
Prezados Senhores:
Pela terceira vez voltamos a contatar V.Sas. com relação a informações não corretas vinculadas pelo jornal mais importante do Estado de Roraima com relação ao ponto extremo Norte do Brasil, localizado no nosso Estado de Roraima, especificamente na Serra do Caburaí. Parece que algumas pessoas que deveriam ser bem informadas tem a memória curta ou desconhecimento dos fatos amplamente documentados em relatórios técnicos, livros históricos e principalmente em matérias de jornais e revistas .
Por esta razão tecemos os comentários abaixo para que as coisas sejam esclarecidas de maneira definitiva sobre o assunto.
Atenciosamente
Prof. Dr. Jaime de Agostinho, UFRR, Geógrafo e Presidente da Fundação para o Ecodesenvolvimento da Amazônia – ECOAMAZÔNIA. www.ecoamazonia.org.br . E mail: [email protected]
Anexos:
Comentários sobre a matéria:
MONTE CABURAÍ
EXPEDIÇÃO QUE CONFIRMOU EXTREMO NORTE BRASILEIRO COMPLETA 18 ANOS
quarta feira, 7 de setembro de 2016
Página 12
Alexandre Dourado
Editoria de Cidade
1 – 1º parágrafo da matéria:
O Monte Caburaí tem 1.456 metros de altitude (Fonte: Braz Dias de Aguiar – 1931) e nào 1.465 metros como foi citado. Outra observação: a diferença entre o ponto extremo Norte da Serra do Caburaí com o ponto extremo da costa brasileira (Farol do Cabo Orange, no Amapá), calculando-se pelas latitudes dos dois locais : (Farol Cabo Orange: 4º 25’ 49’’N; Serra Caburaí: 5º 12’ 19’’ N, vai ser de aproximadamente 133 quilômetros e não de 84,5 quilômetros como foi citado.
2 – 2º parágrafo da matéria:
Não foi o Marechal Rondon que demarcou o monte, e muito menos em 1930 As coordenadas originais que definem o ponto extremo Norte do Brasil foram feitas com precisão astronômica em 1931 pelo Capitão de Mar e Guerra Braz Dias de Aguiar, chefe da Comissão Demarcadora de Fronteiras – Setor Norte – 1a Divisão, ponto este que foi materializado por esta comissão na Serra do Caburaí, bem distante do topo do Monte Caburaí, através de um marco circundado por uma laje de concreto e identificado como BBG/11-A, redescoberto em outubro de 2013 por uma pequena expedição de excursionistas juntamente com indígenas ingarikós da comunidade de Manalai.
3 – 3 º parágrafo da matéria:
O marco original da Comissão de Fronteiras colocado em 1931 nunca foi destruído, portanto não pode se afirmar que o mesmo foi reconstruído em 2005 no topo do monte. A distância colocando o marco a 50 metros das nascentes do Rio Uailã está equivocada. O correto são 32 metros. No caso das nascentes do Rio Caburaí a distância do marco é de 32 metros e não de 70 metros ( Fonte: Braz Dias de Aguiar- 1931)
4 – 6 º parágrafo da matéria:
Desde a década de 50 os principais livros didáticos de geografia do Brasil já colocavam a Serra do Caburaí como ponto extremo Norte do Brasil (vide artigo publicado por mim na Folha de Boa Vista em 13/6/2003 e na Revista E Ciência Hoje em 18/6/2003 com o título: Serra do Caburai – Extremo Norte do Brasil) Em anexo.
5 – 7 º parágrafo da matéria:
Mais uma vez temos o equivoco: O Marechal Rondon nunca esteve na Serra do Caburaí, muito menos em 1930. Esteve sim aqui em no antigo Território do Rio Branco (atual Estado de Roraima) unicamente no período de outubro a dezembro de 1927, não demarcando a fronteira, mas sim inspecionando as fronteiras, com a colocação de marcos rústicos de cimento, tendo explorado o Monte Roraima e nunca o Monte Caburaí.
6 – Último parágrafo:
EXÉRCITO: Achamos louvável a intenção de nosso Comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, General de Brigada Algacir Antônio Polsin de realizar nova expedição ao verdadeiro ponto extremo Norte do Brasil, corrigindo o erro feito em 1998, onde o Exercito Brasileiro e todos os demais participantes foram induzidos a erro geográfico por pessoas não bem informadas.
ANEXOS RELATIVOS AO TEMA:
Documentação enviada à Assembleia Legislativa de Roraima por ocasião do lançamento de prospecto relativo ao ponto extremo Norte do Brasil.
CABURAÍ – A VERDADEIRA HISTÓRIA
Jaime de Agostinho Agostinho
Para: [email protected] Cc: [email protected], Jaime de Agostinho Agostinho
Prezado Senhor Deputado Brito Bezerra:
Lendo prospecto editado por vosso gabinete relativo ao dia do Caburaí venho parabenizar o Governo de Roraima e a Assembleia Legislativa por fixarem esta data para que o Brasil se lembre de que aqui em Roraima começa o Brasil. Bastante louvável. Entretanto discordamos da maior parte das informações constantes no prospecto, distribuído para a população, que mostra uma história muito diferente que não leva em consideração o trabalho e descobertas de antigos exploradores que deveriam ser reverenciados por nós. Em função disto tomamos a liberdade como roraimense adotado a mais de 40 anos neste Estado de enviar algumas informações para ajudar a desmistificar informações incorretas que possam modificar erroneamente a nossa história. Encaminho na sequencia artigo por mim publicado na Folha de Boa Vista e na Revista Ciência Hoje em junho de 2003, e também algumas observações que achei pertinente.
Fico a sua inteira disposição para quaisquer esclarecimentos que Vossa Excelência julgar necessário
Atenciosamente
Prof. Dr. Jaime de Agostinho
Geógrafo – Universidade Federal de Roraima
E-mail: [email protected]
Serra do Caburai – Extremo Norte do Brasil
Autor: Jaime de Agostinho ( * )
Apesar dos equívocos da mídia global nacional que ainda insiste na expressão “do Oiapoque ao Chuí” para designar os pontos extremos norte-Sul do Brasil, começa a haver um consenso de que a Serra do Caburaí é o verdadeiro ponto setentrional do País.
Já em 1931, o Capitão de Mar e Guerra Braz Dias de Aguiar, chefe da Comissão Demarcadora de Fronteiras – Setor Norte – 1a Divisão concluiu que o ponto extremo Norte do Brasil não era o Monte Roraima, mas sim a Serra do Caburaí (Cabutai-tepê na língua indígena local). Segundo o relatório desta mesma comissão, o divisor de águas representado pela Serra do Caburaí tem do lado brasileiro a nascente do Rio Uailã, distante 32 metros no rumo Sudeste do ponto extremo Norte do Brasil. Esta informação, que não é nova, mostra que este conceito deve ser revisto urgentemente pelos autores de nossos livros didáticos adotados nas escolas do Estado e em outras regiões do país que colocam a nascente do Rio Uailã como o ponto extremo Norte do país.
Expedições realizadas à região da Serra do Caburaí nos últimos anos tem gerado informações inverídicas e até fantasiosas divulgadas principalmente por jornalistas e fotógrafos que chamam para si a “descoberta” do ponto extremo do país, o que estaria modificando a Geografia brasileira. Existem também educadores mal informados declarando que somente a partir de 1 998, após expedição realizada à área é que os livros didáticos foram alterados pelo MEC, desconhecendo que diversos Atlas e livros didáticos de Geografia tem mostrado há décadas que o ponto extremo Norte do Brasil é a Serra do Caburaí em função de inúmeros trabalhos divulgados pelo IBGE a partir da década de 50.
O ponto extremo Norte do país foi materializado pela Comissão de Fronteiras em 1 931 através de um marco circundado por uma laje de concreto e identificado como BBG/11-A, com inscrições alusivas que dão as coordenadas: latitude 5º 12’ 19’’ 60 Norte e longitude 60º 12’ 43’’ 29 Oeste de Greenwich e altitude de 1 456 metros. As últimas expedições realizadas à área nunca encontraram o referido marco que se encontrava em bom estado na década de 70, conforme relatos de indígenas da aldeia Caracanã. O marco pode não ter sido localizado devido à inadequada utilização de equipamentos aferidos e não calibrados para o elipsóide adotado pela Comissão Demarcadora de Limites como também pela densa cobertura florestal da área. Outro ponto que carece de uma melhor análise é a afirmação de que o ponto extremo Norte é o Monte Caburaí, inclusive utilizada mor mim em trabalhos publicados, já que o divisor de águas onde está localizado o ponto extremo Norte pode não coincidir com o ponto de maior altitude da Serra do Caburaí, necessitando-se, portanto, uma nova verificação da Comissão de limites na área para dirimir esta dúvida.
( * ) – Geógrafo, Doutor em Ciências pela USP Professor da UFRR – Dept. Geociências.
Publicado na Folha de Boa Vista –13 / 6 / 2003 E Ciência Hoje – versão digital – 18 / 6 / 2003
OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
1 – O Marechal Rondon nunca realizou expedição à região da Serra do Caburaí em 1931. Esteve sim aqui em Roraima unicamente no período de outubro a dezembro de 1927, não demarcando a fronteira, mas sim inspecionando as fronteiras, tendo explorado o Monte Roraima e nunca o Monte Caburaí.
2 – Quem realmente determinou o ponto extremo norte do Brasil foi o Capitão de mar e guerra Braz Dias de Aguiar em 8 de dezembro de 1933 em expedição da Comissão Mista Demarcadora de Fronteiras Brasil e na época Guiana Inglesa, hoje Guyana.
3 – As escolas sempre mostraram em seus livros que a Serra do Caburaí como ponto extremo Norte do Brasil, desde a década de 40. Eu estudei na década de 50 com esta informação.
4 – A expedição de 1998 foi um fracasso já que não encontrou o marco B/BG-11ª original e induziu a sua reimplantação no Monte Caburaí, que não é o divisor de águas do Brasil com a Guyana. Tudo isto por causa da não aferição dos equipamentos GPS para o datum da época de Braz Dias de Aguiar, que tinha realizado as medições com alta precisão astronômica. Para completar, em outubro de 2013, um pequeno grupo de excursionistas do Sul do País, sem muitos recursos juntamente com indígenas da etnia ingarikó conseguiram localizar o marco em perfeitas condições. Estes sim mereceriam a condecoração Orgulho de Roraima
NOTA DA ECOAMAZÔNIA: O IBGE divulgou um vídeo institucional para esclarecer a questão : Qual é o extremo Norte do Brasil? • IBGE Explica – YouTube
A PROVA FINAL
Tanto no relatório de 1930 e na ata de inauguração do marco no topo do Caburaí em 1934 não consta o nome de Braz Dias, quem chefiou essa missão foi o ajudante Senhores Rubens Nelson Alves, auxiliado por Leonídas de Oliveira, ou seja, chefe dessa missão (Braz Dias) não foi nesta missão, já na Comissão Britânica costa o nome do chefe da missão Senhor William Cunninghan.
Entretanto no texto da ATA aquela em que os presidentes das nações envolvidas se reúnem para assinarem documento final, que aconteceu no Rio de Janeiro no dia 19 de janeiro de 1939, aparece o Braz dias como presidente da comissão mista Brasileiras-Britânica.
Na metade da pagina principal, depois da citação das autoridades presentes diz o texto: – Reuniram-se no Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro, Capital da Republica do Brasil, de acordo com o artigo dez do protocolo assinado em Londres aos dezoito dias do mês de março de 1930 os seguintes membros da comissão Mixta: Capitão de mar e guerra Braz Dias de Aguiar, Marinha Brasileira.
OBS: Braz era um homem do mar, obviamente que ele não iria subir ao topo do Caburaí em uma viagem cansativa, por selva e sem condições adequadas, como já dispunha de informações privilegiadas das coordenadas da fronteira Brasil-Guiana (coletadas em 1920), enviou os seus auxiliares.
Entretanto nas cerimonias oficiais ele sempre esteve presente!
Se esse documento de 1939 fosse uma prova cabal da presença de Braz no topo do Caburaí a direção da Comissão Demarcadora de Limites teria informado na minha solicitação.
A grande verdade é que esse documento confundiu muita gente!
Oficialmente o único Braz que esteve no topo do Caburai foi o prefeito Venceslau Braz
https://www.facebook.com/platao.papillon/media_set?set=a.10209459523059057.1073741896.1055001031&type=1
No excelente trabalho de Jaime de Agostinho Professor da Universidade Federal de Roraima
Sob o titulo: A IMPORTÂNCIA GEOPOLÍTICA DE RORAIMA NO CONTEXTO FRONTEIRIÇO REGIONAL DO NORDESTE DA AMÉRICA DO SUL
Na pagina 8 tem esse comentário:
4- A definição das fronteiras
A partir de 1843 iniciou-se a discussão relativa à fronteira do Brasil com a então Guiana Inglesa, onde a Inglaterra pretendia a anexação de extensa área compreendida pelas bacias dos rios Pirara, Maú e Cotingo. O império brasileiro concordou em neutralizar a região contestada e em 1901, Joaquim Nabuco negociou com os ingleses uma solução através do arbítrio internacional. Em 1904 o rei italiano Vitor Emmanuel III arbitrou para o Brasil 13 550 Km² e para a Inglaterra 19 630 Km². Esta decisão foi ratificada em 1926 pelo “Acordo de Londres”.
Quanto às fronteiras do Brasil com a Venezuela, diversas tentativas foram feitas para a sua demarcação. A primeira foi entre 1879 a 1884, quando o Tenente Coronel Francisco Lopes de Araújo, “Barão de Parima” iniciou o processo, mais as condições insalubre das áreas atravessadas fizeram com que a missão fracassasse.
Em 1912 foi retomada a questão a montagem de comissão mista Brasil-Venezuela, que também não conseguiu complementar o trabalho com sucesso.
– No fim da década de 30 o Comandante Dias Brás de Aguiar, em nova comissão mista Brasil – Venezuela delimita a fronteira, ainda que de uma forma muito rudimentar, mais define pela primeira vez o ponto extremo norte do Brasil localizado na Serra do Caburaí (AGUIAR, 1943). A partir de trabalhos após a década de 70, através da Comissão de Fronteiras é que começam a ser adensado os marcos fronteiriços.
No relatório dessa expedição mista não tem nenhuma referencia ao Monte Caburaí, nem deveria, pois o assunto é somente sobre a fronteira Brasil-Venezuela.
Presumisse que esse “AGUIAR 1943” no comentário do professo Jaime entre aspas significa que ele tirou essa informação do livro de Braz Dias de Aguiar!
Não tive acesso a esse livro mais com certeza ele faz apenas uma citação, igual a essa encontrada em diversos textos citados por terceiro: Já em 1931 a Serra do Caburaí aparecia como ponto extremo do norte brasileiro nas anotações do Capitão-de-Mar-e-Guerra Braz Dias de Aguiar, chefe da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites. Aguiar, então, concluiu que o ponto extremo Norte do Brasil era a Serra do Caburaí em detrimento do Monte Roraima.
Essas mentiras induziu muita gente, a escrever textos sem uma comprovação fidedigna, dai colocaram “Braz Dias de Aguiar” no topo do Caburaí, quando na verdade ele jamais esteve.
Para não cometer esse mesmo erro consultei o órgão responsável.
Essa minha conclusão esta baseada na correspondência resposta da Comissão Demarcadora de Limites:
Prezado Platão,
Segue em anexo, cópia do Termo do Marco B/BG-11A do Monte Caburaí, as coordenadas oficiais da época de sua determinação por astronomia, e recentemente por geodésia com uso de receptores GPS de alta precisão, as fotos do marco colocado em 1933 e a do marco colocado em 2005. Informo também que em nenhum relatório ou outro documento foi encontrada a afirmação do almirante Braz Diaz de Aguiar que ali seria o ponto mais extremo norte do Brasil. Mas, pelas suas coordenadas se constatam essa afirmação.
Atenciosamente, Engenheiro Paulo Amaral
A Comissão Demarcadora de limites é um órgão serio com certeza os profissionais responsáveis pelo arquivamento não daria uma informação errada.
Texto do relatório referente à demarcação do Monte Caburaí no que se referente a quem chefiou ou esteve no topo do Caburaí afrente das comissões Brasil e a antiga Guiana Inglesa em 18 de março de 1930, vejamos: – Membros da Comissão Mixta Brasileiro-Britânica Demarcadora de Limites, sendo por parte da Comissão Brasileira os Senhores Rubens Nelson Alves, Ajudante e Leonídas de Oliveira, Auxiliar, e por parte da Comissão Britânica o Senhor William Cunninghan, Chefe. Como podemos observa não consta o nome de Braz Dias.
E na Ata de inauguração dos marcos em 3 de janeiro de 1934 também não conta o nome de Braz Dias conforme originas em anexo:
Erra é humano permanecer no erro é burrice.
Platão Arantes
https://www.facebook.com/platao.papillon/media_set?set=a.10209459523059057.1073741896.1055001031&type=1
A GRANDE VERDADE
Não tem nenhuma referencia sobre o Caburaí e Braz Dias! Se existisse a comissão demarcadora teria informado, ai sim seria um documento oficial!
Entretanto se sabe e existe muitos documentos que Rondon ao demarca terras indígenas nas fronteiras “Brasil, Guiana e Venezuela na década de 20 (demarcou a Área Raposa Serra do Sol) e o Monte Caburai esta dentro dessa reserva!
Sou amante da ética!
Platão
No histórico de Braz Dias de Aguiar: “CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE BRAZ DE AGUIAR” não consta nada sobre a passagem dele no Monte Caburaí!
O nome de Centro de Instrução “Almirante Braz de Aguiar” é uma homenagem à memória de um dos mais dignos e ilustres Oficiais da Marinha do Brasil, e em reconhecimento ao seu amor e dedicação à Amazônia, à solução de cujos problemas dedicou o melhor e a maior parte de sua abnegada existência.
Filho do Capitão-Tenente JOAQUIM JOSÉ DIAS DE AGUIAR e de D. AMÉLIA SIQUEIRA DIAS DE AGUIAR, nasceu Braz de Aguiar na cidade do Rio de Janeiro, a 03 de fevereiro de 1881. Sua carreira militar está contida na seguinte ficha:
“Aspirante a Guarda-marinha, 07.04.1889; Guarda- marinha aluno, 13.01.1902; Guarda-marinha confirmado (segundo-Tenente) 09.01.1903; Primeiro-Tenente, 21.11.1907; Capitão-Tenente, 07.05.1913; Capítão-de-Corveta, 09.02.1923; Capitão-de-Fragata (reformado, a pedido, com graduação de Capitao-de-Mar-e-Guerra), 03.02.1928; Convocado, 26.08.1938; Capitão-de-Mar-e-Guerra (efetivo), 15.10.1945 e Contra-Almirante (promovido post-mortem) em 23.07.1951”.
Medalha de Serviço Militar; Comendador da Ordem “Orange Nassau” da Holanda (1939); Comendador da Orderm do Mérito Naval; Numerosos elogios oficiais.
BRAZ DE AGUIAR realizou a viagem de instrução à bordo do navio-escola “Benjamim Constant”, revelando agudeza de observação e aproveitamento dos ensinamentos colhidos. Serviu a seguir no couraçado “DEODORO” (1904) e no cruzador “REPÚBLICA”, sendo elogiado pelo desempenho de penosos serviços (1905).
Em julho de 1906, fez outra viagem ao Amazonas. Em 1907, passou do couraçado “FLORIANO” para o vapor de guerra “COMANDANTE FREITAS”, a serviço da repartição da Carta Marítima, trabalhando no levantamento hidrográfico, sondagens e confecção de canais de navegação, do Rio à Ilha Grande, e, daí a Pernambuco, com excursões a Fernando de Noronha, a Atol das Rocas e a outros pontos afastados da costa. E, de Pernambuco a Manaus, Mais uma vez, BRAZ DE AGUIAR surgiu no Amazonas. Em lanchas e canoas percorreu, então, uma grande área dos meandros amazônicos, abnegada e incansavelmente.
Regressando ao Rio, passou a servir no cruzador “TlRADENTES” a 29 de junho de 1909, percorrendo o litoral até o Chuí . BRAZ DE AGUIAR cruzou e recruzou as lagoas da região, com a diligência e a segurança com que executava todos os trabalhos a seu cargo.
Em agosto de 1910 foi posto à disposição do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de ajudante da Comissão encarregada da demarcação de fronteira entre o Brasil e a Bolívia. No exercício de suas novas funções chefiou a turma de Comissão de Limites do Brasil com a Bolívia, encarregado de serviços geodésicos e hidrográficos na Região do Acre, demorando-se ali sete meses.
Embarcou novamente em navios da esquadra e realizou o curso especial de artilharia, do qual tornou-se instrutor a bordo do encouraçado “MINAS GERAIS”. Assumiu depois o comando do torpedeiro “GOIÁS”.
Novamente colocado à disposição do Ministério das Relações Exteriores, para fazer parte da Comissão Mista Demarcadora de Limites entre o Brasil e o Peru, considerada de caráter militar.
A Caderneta de Assentamentos de Braz de Aguiar é uma das mais gloriosas e meritórias, registrando, sucessivamente, o desempenho cabal e perfeito das mais difíceis comissões, a serviço da Pátria e de sua soberania, à custa dos maiores sacrifícios e privações e do mais acendrado espírito de renúncia, desprendimento e tenacidade.
Homem de caráter primoroso, devotado servidor da sociedade, da família, dos seus irmãos de armas, da lei e da honra da Pátria, a sua passagem pela Armada tem o brilho e o encanto de legenda, emoldurada pelas virtudes da simplicidade, da energia serena, da fidalguia, da abnegação, do patriotismo e da modéstia.
A vida de Braz de Aguiar foi a seqüência ininterrupta de conquistas e de heroísmos, na árdua tarefa de levantamentos hidrográficos e de fronteiras, em regiões hostis e inóspitas, na solidão dos mares, dos rios, das florestas e das montanhas.
O Ministro Orlando Leite Ribeiro, Chefe de Divisão de Fronteiras do Ministério das Relações Exteriores, denominou-o “CIDADÃO AMÉRICA” pelo sentido fundamental brasileiro de sua obra e pelos seus elevados propósitos de confraternização americana . Referindo-se a Braz de Aguiar, Jaime Cortesão vaticinou que ele “não é daqueles cujo nome se afoga no túmulo, com os despojes mortais”.
As discutidas regiões fronteiriças da Bolívia, da Venezuela, das Guianas, da Colômbia e do Pará testaram a sua proverbial tenacidade e fidelidade ao dever, durante mais de 20 anos. Nessa longa jornada de exilado dentro da própria pátria, deixou numerosos trabalhos, onde se revela o geógrafo, o astrônomo, o topógrafo, o cartografo e muitas vezes, o naturalista a desvendar segredos de nossa fauna.
Nunca será demasiada a admiração e a gratidão dos brasileiros ao trabalho executado pelo Almirante Braz de Aguiar, sobretudo, tendo-se em vista as condições de insalubridade e de desconforto, representadas pelas cachoeiras, pelos pântanos, pelo desespero da solidão, a ameaça constante das febres malignas e ciladas dos indígenas. Nas duras e ingentes caminhadas para a determinação de linhas de fronteira, ele não se limitou à tarefa de fixar marcos geodésícos, pelas coordenadas. Alimentou outra preocupação constante: a de que os territórios por ele limitados passassem a constituir, realmente, uma unidade brasileira. Estudou, preliminarmente, o solo; a fixação do homem à terra; compreendeu que, para melhorar a sorte do sertão, era preciso aproximá-lo da civilização, dos grandes centros industriais e das vias de comunicação. Sugeriu, então, ao Governo medidas de caráter econômico, planejou estradas e prestou assistência desvelada às populações indígenas. Dotado de um coração magnânimo e de profundo espírito de solidariedade humana, ficou condoído com a situação dos habitantes de Cruzeiro do Sul, dizimados pela malária, béri-béri e leismaniose tegumentar, apesar de inomináveis dificuldades, obteve a construção e o funcionamento de um hospital para atendimento à população local e interí- orana.
Possuidor de sólidos conhecimentos sobre o problema de fronteiras, inclusive sobre o ponto de vista político-jurídico, além de pesquisador e cientista consciente, surpreendeu a opinião pública com duas descobertas de repercussão internacional: Negou e provou a inexatidão da versão de que o ponto mais setentrional do Brasil se encontrava no Monte Roraima e descobriu as nascentes principais do Orenoco, meta tão ambicionada por renomados exploradores estrangeiros.
Á pátria, a quem serviu com a maior fidelidade e devotamento, pediu apenas “SE ACASO ISSO FOSSE POSSÍVEL”, melhor amparo para a família, depois de sua morte. Por Decreto de 15 de outubro de 1945, foi reformado no posto efetivo de Capitao-de-Mar-e- Guerra, único galardão que aceitou por toda a sua existência de relevantes serviços prestados ao Brasil e à América.
Faleceu a 17 de dezembro de 1947. Em 23 de julho de 1951, o Exmo. Sr. Presidente da República resolve considerá-lo promovido ao posto de Contra-Almirante, ficando assegurados aos seus herdeiros os direitos correspondentes ao posto da referida promoção.
A Marinha do Brasil jamais esqueceu o ilustre filho que tanto dignificou suas fileiras, como paladino da unidade nacional e da integração da Amazônia; demarcador e guardião vigilante de nossas fronteiras geográficas e defensor ardoroso de nossa soberania territorial, sobretudo ao longo da imensa linha divisória da Amazônia. A Marinha se orgulha desse heróico discípulo de Tamandaré e agora lhe homenageia e perpetua a abençoada memória, escrevendo o seu nome impoluto no frontispícío do seu Centro de Instrução, na Amazônia.
https://www.mar.mil.br/ciaba/patrono.htm
Veja que interessante: Filho do primeiro branco a entrar na terra dos macuxis e se casar com uma índia, o agricultor aposentado Olavo Pereira da Silva, de 83 anos, participou de uma expedição chefiada pelo Marechal Cândido Rondon para demarcar a fronteira, nos anos 20, quando ainda era criança. Delegado – Severino Mineiro, pai de Olavo, foi nomeado delegado do hoje extinto Serviço de Proteção aos Índios e guardião da fronteira até morrer, em 1950. “Na época da pátria amada (andar a pé) havia mais harmonia”, diz Olavo. Aos 85 anos, a macuxi Miquilina de Queiroz assiste à briga entre os próprios filhos. José Novaes é o vice-prefeito de Uiramutã e é contra a reserva; o outro, o tuxaua (cacique) Orlando, é a favor do território indígena. Miquilina diz ter saudades da época de menina. Ela também atuou na expedição chefiada por Rondon. Era encarregada de levar as bolachas do grupo. “Não quero encrenca. Não quero irmão brigando com irmão. Eu quero terreiro em paz”, diz, em tom exaltado. https://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=39005
Prof. Dr. Jaime de Agostinho
Muitos textos afirmam que Braz Dias colocou o marco no topo do Caburaí, porem Comissão Demarcadora de limites foi consultada, mais nem eles afirmaram oficialmente que Braz Dias esteve no topo do Caburaí!
Já Cândido Rondon foi pioneiro no reconhecimento do direito à terra e na demarcação dos primeiros territórios indígenas. E em depoimento o índio macuxi Lauro Melchior, da maloca do Ticosa no Município de Uiramuta guarda com orgulho a espada que Cândido Rondon presenteara seu pai, na época tuxaua Sivaldo Melchior que segundo Lauro na época em que Rondon veio demarcar o Caburaí!
Para tira duvidas consultei a comissão e registrei em meu livro:
No capitulo: MISSÃO AO MONTE CABURAÍ na pagina 71 do meu livro “Do Caburaí ao Chuí”, eu cito ter consultado a direção da Comissão demarcadora de Limites, vejamos a transcrição na integra:
A expedição civil-militar de 1998 ao topo do Monte Caburaí foi de fundamental importância e cumpriu o seu papel, forçando o Ministério da Educação a corrigir o erro geográfico. Entretanto, por não encontrarmos o marco colocado em 1933, muitas dúvidas permaneciam: quem teria colocado o marco: Braz Dias ou Cândido Rondon? Existia possibilidade de as coordenadas geográficas terem sido feitas, mas o marco não ter sido colocado? E se foi colocado, ficou comprovado que ele realmente foi destruído, conforme denúncias? Para elucidar esses intrigantes mistérios, entrei em contato com o senhor Dauberson Silva, chefe da “Primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Fronteiras”, sediada em Belém, no Pará, para saber se realmente existia nos arquivos daquele Departamento algum documento que provasse quem realmente tirou a primeira coordenada e se realmente foi colocado um marco no topo do Monte Caburaí, na década de 1930.
Dias depois, recebi carta resposta de Dauberson Silva:
Caro Sr Platão,
O Eng. Paulo Amaral ficará encarregado de atender as suas solicitações. Orientei a ele que enviasse cópias da documentação oficial arquivadas nesta PCDL, estas serão as provas e fonte de informação de sua pesquisa.
Abraço, Dauberson M Silva Chefe da PCDL/MRE
VEJAMOS A RESPOSTA PAGINA 73 DO ENGENHEIRO PAULO:
Prezado Platão,
Segue em anexo, cópia do Termo do Marco B/BG-11A do Monte Caburaí, as coordenadas oficiais da época de sua determinação por astronomia, e recentemente por geodésia com uso de receptores GPS de alta precisão, as fotos do marco colocado em 1933 e a do marco colocado em 2005. Informo também que em nenhum relatório ou outro documento foi encontrada a afirmação do almirante Braz Diaz de Aguiar que ali seria o ponto mais extremo norte do Brasil. Mas, pelas suas coordenadas se constatam essa afirmação.
Atenciosamente, Engenheiro Paulo Amaral
Como podemos ler e ver, eles não elucidaram a questão solicitada, e no documento que eles enviaram não a nomes! E ai permaneceu a duvida teria sido Braz Dias ou Rondon que esteve no topo do Caburaí?
Entretanto nessa resposta do engenheiro Paulo Amaral diz ele: – Em nenhum relatório ou outro documento foi encontrada a afirmação do almirante Braz Dias de Aguiar que ali seria o ponto mais extremo norte do Brasil.
Nessa afirmação do engenheiro fica claro que o Braz Dias que era um homem do mar, já mais esteve no Caburaí.
Essa hipótese é mais plausível, prova é que na ata original não a citação de nomes, e o marco no topo do Caburaí foi colocado no dia 8 de dezembro de 1933 com esse ato estava comprovado que o (Caburaí era o extremo norte do Brasil), a pergunta é porque arquivaram essa comprovação? Se Braz Dias de Aguiar era o chefe da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites órgão responsável pela demarcação da região norte do Brasil! Porque motivo arquivaram?.
E por esse motivo o “CABURAÍ” verdadeiro extremo norte do Brasil ficou esquecido 65 anos!
Nas minhas pesquisa não encontramos nada de Braz Dias no Caburaí, coincidentemente encontramos registro fotográfico de Cândido Rondon no topo do Monte Roraima e a espada presenteada por ele na comunidade indígena na Raposa serra do sol, que fica próximo ao Monte Caburaí!.
Na minha opinião, Cândido Rondon, que era professor de Astronomia usou esta ciência para ajudar em seus cálculos, uma vez que os astros nunca mudam de lugar, como todos sabem Rondon demarcou áreas indígenas de fronteira em especial a “Raposa Serra do Sol” e o monte Caburaí esta dentro dessa reserva.
. Rumores da época davam conta que no relatório da demarcação das terras indígenas feitas por Cândido Rondon, nas fronteiras Brasil Guiana e Venezuela, enviado para o “Ministério da defesa” apontava o local onde deveria ser a tríplice fronteira no topo do Monte Roraima e o ponto exato no topo do Caburaí onde deveria ter o marco comprovando ser ali o “extremo norte do Brasil”, e que esse relatório teria sido utilizado anos depois para a demarcação definitiva.
Em 1910, o Marechal Cândido Rondon criou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Os indígenas passaram a ter direito à posse da terra e seus costumes eram respeitados.
Foto histórica monstra Rondon no topo do monte Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana Inglesa, com as bandeiras dos três países, e acompanhado de índios macuxis, a foto esta datada de 19 de outubro 1917
Coincidentemente documentos relatam que em 1917– Governo do Amazonas editou a Lei Estadual nº 941, destinando as terras compreendidas entre os rios Surumu e Cotingo para a ocupação e usufruto dos índios Macuxi e Jaricuna.
Com certeza o governador atendeu um pedido de Candido Rondo, Em 5 de dezembro de 1967, é criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que recebe todo o legado moral e ético das práticas de Rondon, capaz de pressionar, até hoje, as políticas e o compromisso do Estado com os povos indígenas.
Já em 1927 o Marechal Rondon visitou a comunidade do Surumu, em sua inspeção de fronteiras nas confluências, dos rios Maú (Ireng), Cotingo, Surumu, quando localizou e sentou os marcos.
Platão Arantes