Em plena Segunda Guerra Mundial, quando soldados travavam batalhas nas trincheiras europeias, um exército de retirantes protagonizava um silencioso esforço de guerra na Amazônia.

Exército na floresta. Maioria dos recrutados era do Nordeste. Dos 55 mil que foram para os seringais, 26 mil morreram durante a guerra – Reprodução

Exército na floresta. Maioria dos recrutados era do Nordeste. Dos 55 mil que foram para os seringais, 26 mil morreram durante a guerra – Reprodução

Em plena floresta, eles trabalhavam horas a fio para extrair látex, insumo necessário para pneus e armamentos. Eram os chamados soldados da borracha, homens recrutados, em sua maioria, no Nordeste para trabalhar nos seringais da Região Amazônica, fornecendo aos Estados Unidos matéria-prima crucial para a vitória dos aliados.

Essa história ainda pouca conhecida entre os brasileiros é tema do livro “Soldados da borracha: o exército esquecido que salvou a Segunda Guerra Mundial”, dos americanos Gary Neeleman e Rose Neeleman. Com previsão para lançamento em São Paulo e Porto Velho este mês e no Rio em outubro, o livro já está disponível no site da EdiPUCRS (http://livrariaedipucrs.pucrs.br), editora da PUC do Rio Grande do Sul, e não tem prazo para chegar às livrarias. O preço sugerido é de R$ 85 o exemplar.

Pai do fundador da companhia aérea Azul, o jornalista Gary Neeleman morou no Brasil nos anos 50 e 60, quando era correspondente da United Press International. Desde então, alimenta a curiosidade sobre as relações entre Estados Unidos e Brasil. Em março de 1942, os governos dos dois países assinaram um acordo que previa o fornecimento de borracha para os americanos enquanto a guerra perdurasse.

O Brasil, que chegara a ser o maior exportador mundial de borracha, perdera o posto para os asiáticos. Mas, com o bloqueio dos japoneses à exportação do insumo produzido no continente, o Brasil passou a ser a alternativa de suprimento. Para isso, o Estado brasileiro recrutou cerca de 55 mil homens para trabalhar nos seringais da Amazônia. Cerca de 26 mil morreram durante o conflito, de malária e outras doenças tropicais. Os sobreviventes e boa parte dos descendentes hoje moram na periferia de Porto Velho.

— Queria mostrar ao mundo que o Brasil foi um aliado de verdade dos Estados Unidos — disse Neeleman, que, ao lado de sua mulher, Rose, levou quatro anos para concluir o livro, entre pesquisas no Congresso americano e entrevistas no Brasil.

Fonte: O Globo

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