Entre 2015 e 2016, Terras Indígenas no noroeste do Maranhão registram um total de 7,3 mil focos de calor. Antropólogo denuncia incêndios criminosos e perseguição a indígenas e servidores de órgãos oficiais.

Chega o tempo da estiagem e o fogo volta a assolar os povos e Terras Indígenas no noroeste do Maranhão. Há uma semana, uma denúncia divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelou que três Awá-Guajá isolados – um grupo formado por uma mulher, um jovem e uma criança – foram vistos combatendo um incêndio na Terra Indígena (TI) Araribóia. Segundo testemunhas, brigadistas do povo Guajajara que também vivem nessa terra, o incêndio já dura dois meses e já se espalhou por várias regiões da TI.

O local em que vivem os Awá-Guajá em isolamento voluntário, recusando contato com os não indígenas e outros povos da região, é chamado de Utiua. É a área mais preservada em toda a TI Araribóia, que, entre agosto e dezembro de 2015, perdeu 220 mil hectares de florestas em um incêndio de grandes proporções.

A situação não é isolada. Dados do site De Olho nas Terras Indígenas, do ISA, com base no monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que, no intervalo de um ano, a TI registrou 3 mil focos de calor – sete, só nas últimas 24 horas. Mas as outras três TIs na região do Gurupi também têm números alarmantes: foram 1.117 focos na TI Caru, 1.126 na TI Awá e 2.017 na TI Alto Turiaçu. A região também conta com uma Reserva Biológica, que alcançou uma marca ainda mais alta de focos de calor: 8.779 entre agosto de 2015 e agosto de 2016.

Agora, pesquisadores que trabalham na área temem que a história se repita. Em entrevista ao ISA, o antropólogo Uirá Garcia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador entre os Awá-Guajá há dez anos, descreve um quadro de sucateamento local de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e aponta que incêndios criminosos podem ter sido retaliação pela operação de desintrusão da Terra Indígena Awá.

Confira a entrevista em:  Fogo cerca os Awá-Guajá, mais uma vez | ISA – Instituto Socioambiental  

FONTE: AMAZÔNIA.ORG. (disponível em: setembro 2016)