Conhecer os efeitos das mudanças climáticas e suas consequências para a conservação da natureza é um dos principais objetivos do Programa de Monitoramento in situ da Biodiversidade em áreas protegidas. Em 2015, devido à ação do fenômeno El Niño, que provavelmente foi potencializada pelas mudanças do clima, a estação seca na região da Terra do Meio (PA) foi relatada como uma das mais severas dos últimos anos, afetando as comunidades do Rio Iriri. A instalação do Programa de Monitoramento da Biodiversidade na Estação Ecológica (Esec) da Terra do Meio pode responder como a biodiversidade desta UC está respondendo a esses fenômenos climáticos.
Nessa perspectiva, foi aberta em junho de 2016 a terceira e última trilha de 5 km na Esec da Terra do Meio, visando à execução do protocolo de monitoramento mínimo na região do Rio Novo, um dos principais afluentes do Iriri. O trabalho de monitoramento incluiu os grupos indicadores mamíferos e aves cinegéticas de médio e grande porte, borboletas frugívoras e plantas lenhosas.
Trabalho em equipe
De acordo com Bruno Nascimento, chefe da UC, para a abertura da trilha foi necessário o deslocamento através de “rabetas” (canoas com motores de popa bastante utilizados na região), pois os rios Iriri e Novo apresentam perigosas corredeiras, pedrais e rochas semissubmersas, demandando pilotos com experiência em navegar pela área e tornando inviável a utilização de embarcações de maior porte. “A estação chuvosa de 2015-2016 começou tardiamente e a precipitação média anual esteve abaixo da média histórica, por isso as águas subiram pouco este ano e a navegação na região tornou-se muito delicada. Em certos trechos dos rios, nos pedrais e corredeiras mais secos, as rabetas precisaram ser arrastadas sobre as pedras, exigindo muita coordenação e esforço da equipe”, ressaltou Bruno.
Ainda segundo o gestor, a região da Terra do Meio, apesar de ter sofrido com a exploração ilegal de madeiras nobres antes da criação da UC, possui uma grande biodiversidade, com presença de várias espécies ameaçadas de extinção. “Nessa mesma região estão localizadas as trilhas 1 e 2, distantes alguns quilômetros Rio Novo acima. Devido à presença de mata mais densa, com lianas e cipós de difícil transposição, foram necessários seis dias de trabalho para a conclusão da abertura da terceira trilha”, destacou.
Participação comunitária
Para superar todas essas dificuldades, nada melhor do que contar com aqueles que mais conhecem a área. Nesse sentido, foi fundamental a participação dos monitores comunitários na expedição de abertura da terceira trilha. Foram eles: José Ronaldo Araújo Rodrigues (Zé Ronaldo), Adriano Ferreira Bruno (Nem), Sebastião Ferreira (Panta), Olivete Rodrigues do Livramento, Ozélio Ferreira do Livramento, José Andrade Araújo Rodrigues, Tonho e Raimundo, das comunidades Boa Esperança (Resex Rio Iriri) e Rio Novo (Esec da Terra do Meio).
“Um dos princípios e pilares dessa atividade de monitoramento na Esec da Terra do Meio é a inclusão e participação comunitária nas atividades. A ideia é que participando das atividades de campo e de formação, acompanhados dos técnicos especializados, esses comunitários possam assumir a condução das atividades de monitoramento”, afirmou o chefe da UC.
As próximas etapas do monitoramento preveem a realização de formação e treinamento de comunitários na coleta de dados. Os pesquisadores interessados na realização de pesquisas na região da Terra do Meio podem entrar em contato com o ICMBio em Altamira (PA) através do e-mail: [email protected].
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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