Estudo do Gvces mostra que viabilidade de meta brasileira de aumentar área de manejo sustentável depende de combate à ilegalidade e mercado para certificação.
A expansão do manejo florestal sustentável na Amazônia representa tanto uma oportunidade para o setor privado, como um instrumento de desenvolvimento socioeconômico para a economia regional, ou seja, permite conciliar a produção econômica com a conservação das florestas. Sem contar os ganhos associados à conservação da biodiversidade e outros benefícios ambientais gerados quando a exploração predatória é substituída pelo manejo sustentável da floresta.
Essa prática, que consiste em um conjunto de técnicas que permite a extração de produtos florestais reduzindo os impactos da atividade madeireira sobre a floresta e conservando os recursos florestais para futuros ciclos de exploração, faz parte dos compromissos assumidos pelo Brasil em sua INDC (metas apresentadas pelo país para o Acordo do Clima de Paris). O Brasil se comprometeu a aumentar em 10 vezes a área de manejo florestal sustentável rastreada e coibir a ilegalidade de produtos florestais madeireiros provenientes de florestas nativas até 2030.
Um estudo, realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), lançado hoje (2/6), durante o seminário Oportunidades Econômicas no Contexto das Mudanças Climáticas, realizado no Rio de Janeiro, mostra que a viabilidade econômica da proposta está intimamente ligada ao combate à competição com a madeira ilegal e à criação de demanda pela madeira certificada.
Encomendado pela Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, o estudo Contribuições para Análise da Viabilidade Econômica das Propostas Referentes à Decuplicação da Área de Manejo Florestal Sustentável, analisou operações madeireiras na Amazônia legais com certificação, legais sem certificação e ilegais, em cenários de mercado doméstico, voltado para exportação e balanceado, e conclui que a operação legal certificada é vantajosa para o produtor somente quando voltada, ao menos parcialmente, para mercados com preços mais elevados, ou seja, a exportação.
Já a operação que atende a todos os requisitos legais, mas não possui certificação do produto, enfrenta dificuldades para se tornar economicamente viável se for considerado que a madeira dificilmente é exportada sem certificação. Nesse caso, a empresa não teria rentabilidade no mercado doméstico e ainda encontraria dificuldade para acessar os mercados com preços mais elevados.
Por outro lado, a operação ilegal, que também deve enfrentar dificuldade para acessar o mercado externo, tem retorno positivo no cenário doméstico, já que possui custos inferiores à exploração proveniente de manejo florestal sustentável. Com isso, o estudo afirma que “as operações mais comuns são a operação legal certificada para mercados que estão dispostos a pagar um preço mais elevado para ter o produto certificado, e a operação ilegal, cuja produção destina-se primordialmente para o mercado doméstico”.
“Sabemos que o Brasil pode entregar um produto madeireiro de baixo carbono, mas é preciso abrir mercado. Os ganhos para o país seriam significativos em termos de impostos, empregos e redução de emissões”, afirma Annelise Vendramini, uma das coordenadoras do estudo. “Mas precisa resolver a grande competição exercida pela exploração de madeira ilegal”, conclui.
Por: Maura Campanili
Fonte: Observatório ABC
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