O jornal venezuelano “Sincuento” publicou, na edição de quarta-feira, 06, uma declaração do ex-ministro da Electric Power, Hector Navarro, afirmando, em Assembleia Nacional, que se o nível do reservatório de Guri não aumentar, o país teria eletricidade por apenas mais 20 dias. Mas, em Roraima, a Eletronorte afirma que não recebeu nenhuma informação oficial neste sentido e que, caso ocorra um desligamento da energia de Guri, as termelétricas irão suprir a demanda.  

Assim como em Roraima, os venezuelanos também têm sentido os efeitos da estiagem. Uma seca prolongada, cuja culpa é atribuída ao fenômeno climático El Niño, reduziu os níveis de água a um limite crítico na hidrelétrica de Guri, que gera maior parte da eletricidade consumida no país vizinho e no Estado.

O nível de água do reservatório, localizado no estado de Bolívar, no sul do país, caiu para 244,9 metros acima do nível do mar em 29 de março, segundo dados da Corpoelec, a empresa estatal de energia.

Navarro explicou o funcionamento de cada usina e aquilo que é o mínimo que necessitam para funcionar. “240 metros a menos de água e as máquinas 11, 12, 15, 16, 17 e 19 seriam paralisadas, causando um desastre para o país”, alertou. Ele afirmou que, atualmente, o nível da água está em 244 metros e isso daria uma reserva de 20 dias de eletricidade no país.

ELETRONORTE – À Folha, o gerente da Eletronorte em Roraima, Roni Franco, minimizou as declarações do ex-ministro de energia da Venezuela. Informou que a empresa não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a possibilidade de desabastecimento. “Há muitas especulações sobre a Venezuela, mas tratamos de coisas oficias, e até agora não oficializaram nada sobre isso”, disse.

Conforme ele, a Eletronorte tem conhecimento dos problemas enfrentados na Hidrelétrica de Guri. “O setor elétrico todo sabe dessa situação. Tanto que é um dos motivos das termelétricas estarem funcionando hoje para atender toda a demanda de Roraima em decorrência de qualquer problema que acontecer”, afirmou.

Franco esclareceu que as termelétricas irão suprir qualquer problema que houver na linha de transmissão entre Roraima e Venezuela. “Se tiver esse problema de corte e limitação de transmissão, as termelétricas estão prontas para fazer isso. A população não precisa ficar assustada e nem apavorada, pois as usinas foram testadas e estão funcionando em sua plenitude. O setor elétrico está pronto para atender a carga por termelétrica até 2022”, destacou.

Obras do Linhão de Tucuruí foram retomadas, diz gerente

O gerente da Eletronorte, Roni Franco, informou que as obras do Linhão de Tucuruí, entre Manaus (AM) e Boa Vista, já foram retomadas pela empresa responsável, a concessionária Transnorte Energia S. A. (TNE). “A informação é que as obras estão em pleno andamento. O problema são as liminares que suspendem e atrasam mais a obra”, disse.

No início do mês passado, o desembargador Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília, suspendeu a liminar que impedia a construção do Linhão de Tucuruí, entre Manaus (AM) e Boa Vista, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).

A linha interligará a Capital de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), único Estado brasileiro que não está integrado ao sistema e que hoje é abastecido por energia importada da Venezuela e por produção termelétrica. 

Por Luan Guilherme Correia

FONTE: Jornal Folha de Boa Vista

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http://www.folhabv.com.br/noticia/Eletronorte-descarta-falta-de-energia/15370