Entre os dias 15 e 19 de abril, servidores da Funai, do Ibama e da Polícia Militar do Estado de Roraima realizaram uma intensa atividade de fiscalização no interior da Terra Indígena Yanomami com o objetivo de desativar pontos de garimpos ilegais.
A Terra Indígena sofre desde a década de 1980 com invasões de garimpeiros que atuam de maneira ilegal na extração de ouro, sem qualquer respeito às comunidades tradicionais ou à legislação ambiental, causando os mais diversos impactos aos povos indígenas que vivem nessa terra.
A história da Terra Indígena Yanomami é marcada por tragédias envolvendo conflitos entre indígenas e garimpeiros. Contudo, a tragédia que assola atualmente sobretudo os povos Yanomami e Ye’kuana ocorre silenciosamente em decorrência da proliferação dos garimpos de ouro e da contaminação advinda dessa atividade.
Estudo recente realizado pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, denominado “Avaliação da Exposição Ambiental ao Mercúrio Proveniente de Atividade Garimpeira de Ouro na Terra Indígena Yanomami, Roraima, Amazônia, Brasil”, identificou elevados níveis de contaminação por mercúrio entre crianças e mulheres em idade reprodutiva em aldeias dos povos Yanomami e Ye’kuana localizadas em regiões com incidência de garimpo.
O mercúrio utilizado na atividade garimpeira, despejado sem qualquer tratamento nos leitos dos rios, pode interferir na saúde humana comprometendo os sistemas nervoso central, renal e cardiovascular, podendo afetar também os sistemas respiratório, gastrointestinal, hematopoiético, imunológico e reprodutivo.
Diante dessa situação, a Funai e o Ibama realizaram a operação de fiscalização no interior da terra indígena Yanomami, quando foram desativadas diversas balsas de garimpo e garimpos de barranco, e apreendidos diversos equipamentos utilizados pelos garimpeiros para explorar e poluir o leito dos rios. Essa medida tem como objetivo interferir diretamente na logística do garimpo, impedindo a sua manutenção.
Foram apreendidas duas armas de fogo, sendo uma delas um revólver calibre 38 com a numeração raspada, além de mercúrio. A operação envolveu cerca de 35 agentes, entre os servidores da Funai, Ibama e Polícia Militar do Estado de Roraima, utilizando-se de uma complexa logística de deslocamento com uso de três helicópteros e um avião.
Além dos garimpos, foi identificada uma grande quantidade de pistas de pouso clandestinas que são utilizadas para abastecer os garimpos e efetuar o escoamento da produção, mas que também são utilizadas para inúmeras outras práticas criminosas, como o tráfico de drogas e de armas.
A Funai continuará executando uma série de ações com o objetivo de combater os garimpos ilegais no interior da Terra Indígena Yanomami, de forma a cumprir sua missão institucional de garantir o direito dos povos indígenas ao usufruto exclusivo do seu território e ao bem-estar.
Colaboração: Coordenação Geral de Monitoramento Territorial
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