O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Eduardo Rios Villamizar está desenvolvendo um estudo com apoio do governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), para avaliar e classificar as águas de 380 rios e igarapés amazônicos, com vistas a subsidiar novos estudos que promovam práticas de conservação e manejo dos recursos hídricos em áreas úmidas da Amazônia (AUs). O estudo deve ser concluído até agosto de 2017.
Segundo ele, a pesquisa irá fornecer informações relevantes sobre aspectos da ecologia dos rios, igarapés, lagos e áreas úmidas conectadas, assim como suas bacias de drenagem. O estudo também deve contribuir com subsídios para definição e conservação das áreas úmidas da Amazônia, que proporcionam uma série de serviços para o meio ambiente, como a redução do perigo de enchentes e secas catastróficas.
“A contribuição para a sociedade será com o monitoramento de ambientes de áreas úmidas dentre os menos estudados do bioma amazônico (igapó e savanas em áreas interfluviais) no intuito de fornecer para a comunidade científica, sociedade civil e tomadores de decisão dados de áreas primitivas, com mínimo impacto antrópico e, assim, auxiliar na elaboração de diretrizes que garantam a sua proteção e uso sustentável”, disse Eduardo Villamizar.
Ele informou que os rios e igarapés estão sendo classificados a partir de uma revisão sistemática e reanálise de dados primários inéditos, que são frutos de levantamentos de campo. São analisadas as águas e seus sedimentos. Segundo o pesquisador, a categorização das águas conta com dados secundários, compilados a partir de 250 publicações bibliográficas dentre artigos, relatórios, dissertações e teses. Ele explica que a classificação será feita a partir da divisão de dois grupos das áreas úmidas.
“O primeiro, apresentando os níveis de água bastante estáveis e, o segundo, com níveis de água variáveis (oscilantes). Esses grupos são subdivididos em 15 principais tipos de áreas úmidas abrangendo desde os Andes até o estuário do rio Amazonas. A qualidade química da água e sedimentos, devido à sua importância fundamental para a vida na água e nas áreas úmidas, é um dos níveis de classificação que subsidiam o refinamento das tipologias alagáveis amazônicas e ocupa o terceiro nível hierárquico após os níveis clima e hidrologia”, disse Villamizar.
Análise
Eduardo Villamizar informou que já foram analisadas no Laboratório de Química Ambiental do Inpa 35 amostras de água e 45 amostras de solo coletadas em uma excursão à Estação Científica do Uatumã, em agosto de 2015.
Na estação, foram coletadas as amostras de lagos, rios e igarapés. No local da coleta, foram analisados os seguintes parâmetros da água: pH, cor, profundidade, condutividade, temperatura, oxigênio, percentagem de oxigênio e transparência. Foi elaborada uma planilha com todos os resultados da análise, tanto da excursão, quanto as análises realizadas no laboratório.
“As atividades desenvolvidas contribuíram para a capacitação científica, amadurecimento, crescimento profissional e aporte para divulgação de resultados científicos para popularização da ciência e tecnologia no Amazonas, assim como para popularização dos conhecimentos sobre variabilidade físico-química natural dos corpos de água da Amazônia para a sociedade em geral, inclusive internacionalmente”, disse o pesquisador.
Francisco Santos / Agência Fapeam – Estudo classifica águas de rios e igarapés para conservação da Amazônia (fapeam.am.gov.br)