Um projeto de pesquisa desenvolvido pela agrônoma e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Aparecida das Graças Claret de Souza, procura desenvolver a cultura do cupuaçuzeiro no Amazonas, ampliando estratégias e táticas para combater pragas que atingem e afetam as plantações de cupuaçu no Estado.

O estudo é fomentado pelo Governo do Amazonas, por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e Pesquisa (Pró-Estado), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e visa ampliar o conhecimento sobre o inseto-praga Conotrachelus sp, conhecido popularmente como “broca-do-cupuaçu”, e do fungo Maniliophthora perniciosa, conhecido como “vassoura-de-bruxa”, principais causadores da destruição das plantações.

Segundo a agrônoma, a capacitação de técnicos e agricultores em práticas agrícolas e no cultivo do cupuaçuzeiro, também é outro ponto importante.

“Há preocupação constante com o emprego de técnicas ambientalmente corretas e elaboração de protocolos de produção, isto é, práticas adequadas de cultivo do cupuaçu. Além disso, temos também a preocupação com a geração de renda e produção de alimentos para o produtor, assim, estamos incentivando esse produtor a consorciar o cupuaçu com outras fruteiras nativas, como o feijão, a mandioca, macaxeira e o milho”, explicou das Graças.

A principal finalidade do consórcio de frutas nativas com o cupuaçuzeiro, a curto prazo, é proporcionar ao produtor frutos para o próprio consumo e garantir uma renda extra com a venda dos excedentes. A longo prazo, é ter uma diversidade de frutos nativos, tendo o cupuaçu como fruta principal.

De acordo com Souza, o estudo contribui, ainda, para a formação de profissionais que estão desenvolvendo tese de pós-graduação e trabalho para alunos de graduação. As pesquisas desenvolvidas contemplam temas importantes para o desenvolvimento dessa cultura, como o planejamento de produção familiar, o cultivo do cupuaçuzeiro em consórcio, análise de solos e folhas, e o manejo de pragas e doenças.

“O principal produtor de cupuaçu é o da agricultura familiar, por isso buscamos dar uma base de conhecimentos para o planejamento e administração de propriedade rural e organização comunitária, incluindo aspectos tecnológicos da produção sustentável, além das questões de comercialização dos produtos, visando ao fortalecimento do agricultor e o desenvolvimento da cultura do cupuaçu”, disse Aparecida.

O controle das pragas

Na busca por medidas de controle das pragas, como a broca do cupuaçu, foram desenvolvidas práticas de manejo cultural com o recolhimento, ensacamento e solarização dos frutos brocados. De acordo com os resultados do estudo, a solarização ocasionou a morte das larvas adultas e imaturas, a partir do 30º dia, podendo ser uma alternativa para quebrar o ciclo biológico da praga estudada.

Para Aparecida, todos esses estudos são estratégicos para o estabelecimento de táticas que permitam o manejo integrado das pragas, por isso há uma busca pelo fortalecimento da relação entre a Embrapa e os produtores rurais, além da parceria com unidades locais do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam).

“Essa parceria reforça o uso de tecnologias pelo produtor, como também é uma forma de receber as demandas tecnológicas. Uma demanda forte que percebemos foi a necessidade de irrigação devido ao prejuízo causado pelo período da estiagem, ocorrido em 2015. Nesse período, instalamos unidades demonstrativas de cupuaçu em áreas de produtores e apenas o produtor que teve condições de irrigação suplementar não perdeu as mudas. Naquelas plantações sem irrigação, a perda foi de 60%”, disse a pesquisadora.

Ada Lima / Agência Fapeam

FONTE: http://www.fapeam.am.gov.br/estudo-busca-ampliar-o-cultivo-do-cupuacu-no-amazonas/