Linguista Hein Van der Voort alerta para a extinção das línguas faladas pelos povos indígenas. “Esse é um legado que não pode se perder”, afirma.

O Brasil está longe de ser uma nação de uma língua só. Há um universo de 160 a 180 línguas indígenas, informa o linguista do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Hein Van der Voort. Na abertura do Mês dos Povos Indígenas, ele fez uma palestra sobre as semelhanças e as diferenças entre as línguas indígenas, da língua como identidade cultural e sobre a grande influência no “falar amazônico”.

“As línguas indígenas são patrimônio cultural do Brasil e da humanidade. Durante milhares de anos, essas línguas se desenvolveram, surgiram e se diversificaram. Só no Brasil são mais de uma centena de línguas, muitas delas tão diferentes entre si como o turco e francês,” explicou o pesquisador.

Há décadas na Amazônia, especialmente em diálogo com comunidades indígenas de Rondônia, o pesquisador falou da contribuição dos estudos linguísticos para demarcação de Terras Indígenas no Brasil e também para a difusão da cultura falada entre os próprios descendentes de etnias nativas, como os Kwaza. “Esse é um legado que não pode se perder e por isso no Museu Goeldi nós estudamos essas línguas, uma boa parte inclusive ameaçada de extinção”, disse.

Segundo o linguista, documentos apontam que 85% das línguas indígenas foram extintas desde a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500. “A maioria está ameaçada de extinção. E esse não é um problema especificamente brasileiro. Esse é um fenômeno mundial. As línguas indígenas e os povos no mundo estão desaparecendo. As novas gerações não mais aprendem a língua.”

MCTI

PUBLICADO EM:        JORNAL DA CIÊNCIA