O dia 3 de março de 2016 é um marco histórico para o turismo em Roraima. Na tarde de quinta-feira, das 14h às 18h, foi votado por lideranças indígenas da Reserva São Marcos, em Assembleia Geral realizada na comunidade Boca da Mata, em Pacaraima, como favorável ao projeto turístico “Caminhos de Macunaima”, que visa receber visitantes em áreas indígenas, de acordo com o normatização feita pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em junho do ano passado.
Técnicos do governo e lideranças indígenas debateram na assembleia pontos como a viabilidade do projeto e formas de gestão. A concordância das comunidades indígenas é um primeiro passo para a estruturação do primeiro roteiro em terra indígena de Roraima.
De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento, Alexandre Henklain, esse é um primeiro passo e a hora é de ouvir os indígenas e trabalhar da melhor forma para que a gestão do projeto possa caminhar.
“Em todo esse tempo houve uma acolhida muito favorável na Reserva Indígena São Marcos, esse entendimento foi prosperando até ser apresentado nessa assembleia indígena que estava muito bem representada. Os indígenas querem que todas as comunidades possam ser incorporadas nesse processo de planejamento. Lembramos que os protagonistas serão os próprios indígenas, todos esses projetos deverão ser desenvolvidos por eles”, ressalta.
Henklain lembra que tudo isso requer estudos mais aprofundados e que todos os projetos serão submetidos ao crivo da Funaí e deliberados pelas comunidades indígenas.
Cabe ao Governo de Roraima ser um apoiador, entrar com a capacitação técnica, de infraestrutura, incentivos e marketing, além daquilo que se fizer necessário. Aos indígenas cabe a gestão e operacionalização em beneficio das próprias comunidades”, disse.
INFRAESTRUTURA – Ações concretas estão previstas para a região, uma delas é a previsão do Governo Federal em asfaltar os 11 km de acesso até a Pedra Pintada. Outro ponto será a reconstrução da passarela que liga as margens do rio Parimé, próximo a Pedra Pintada, e uma adequação de infraestrutura para que o turismo receptivo possa acontecer com segurança.
“A palavra de ordem é profissionalismo. Há da parte do governo a preocupação em iniciar projetos pilotos, demonstrativos. Temos a preocupação de evitar o turismo de massa, espontânea, substituindo por um turismo controlado, com roteiros pré-estabelecidos, com dias e horários definidos para que as comunidades sempre saibam e se preparem para isso”, afirma Henklain.
Um grupo de trabalho indígena formado por seis pessoas se reunirão com técnicos do governo sempre que se necessitar em algum processo do projeto.
CAMINHOS DE MACUNAIMA – Um grupo de 12 servidores do Governo do Estado, acompanhados de operadores de turismo, percorreram o primeiro roteiro turístico em área indígena no Estado. A visita técnica teve participação da Seplan (Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento), Secom (Secretaria Estadual de Comunicação Social), SEI (Secretaria Estadual do Índio) e Corpo de Bombeiros, e aconteceu entre os dias 23 e 26 de fevereiro. O roteiro é normatizado pela Funai, desde em junho do ano passado.
A localidade é uma região de trilhas onde predomina os Lavrados de Maruai que podem ser percorridas em diversos espaços de tempo, por exemplo, um turista poderia permanecer três dias ou mais conhecendo a região, pernoitando em comunidades indígenas, ou pode apenas conhecer parte da região em apenas um dia.
Na região podem ser observados os cavalos selvagens de Roraima, em um roteiro com saída e chegada na Fazenda São Marcos, município de Boa Vista em um itinerário de mais de 400 quilômetros.
“Os técnicos do governo percorreram as trilhas dentro da Reserva Indígena de São Marcos como se fossem turistas, porém, observando detalhes com potencial de visitação, riqueza de cenários, acessibilidade, infraestrutura básica e segurança”, disse o diretor do Departamento de Turismo, da Seplan, Ricardo Peixoto.
Segundo ele, são várias trilhas, cada uma com um nome, mas o conjunto delas formam os Caminhos de Macunaima. “Uma é a Trilha do Macaco, onde o visitante pode ir até a cachoeira do Macaco. Outra é uma trilha pelo leito do rio Surumú. Também há as trilhas do Perdiz, da Pedra Pintada e da Pedra do Pereira, onde se observam inscrições rupestres. Outras são as trilhas do Bananal e do Cuatá, onde se percorrem comunidades indígenas. Esperamos que o futuro visitante possa se ‘deliciar’ com as histórias sobre os ritos e mitos daquela região, contadas pelos próprios moradores que vivem ali desde sempre”, disse Peixoto.
Repórter: TÉRCIO NETO | Edição: Gilvan Costa | Ascom/SEPLAN
Nota da Ecoamazônia – A data 03 de março de 2016 foi corrigida pela editoração do site. No original consta 03 de abril de 2016 – http://www.portal.rr.gov.br/
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