Inicia amanhã (11) a 45ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, no Centro Regional do Lago Caracaranã, localizado na região da Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
As regiões participantes do evento, Serra da Lua, Amajari, Tabaio/Taiano, Murupu, Raposa, Baixo Cotingo, Surumu, Serras, Wai-Wai, Ingaricó, Yanomami e São Marcos, se deslocam hoje, 10, até o Lago Caracaranã para quatro dias de debate, propostas e decisões.
A Assembleia que esse tem como tema “Enquanto houver insistência, haverá resistência – Não à PEC 215” vai receber os primeiros coordenadores do Conselho Indígena de Roraima, antigamente, na década de 1987, chamado de Conselho Indígena do Território de Roraima (CINTER).
A expectativa é grande para receber na primeira mesa de debate com o tema “o papel das lideranças na comunidade e no movimento indígena” os primeiros coordenadores do CIR, Terêncio Luiz da Silva (Macuxi), da comunidade indígena Ubarú, região do Surumu e Jaci José de Souza, da comunidade indígena Bem Viver, na região das Serras, ambos da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
Terêncio Luiz da Silva (coordenador) e Jaci José de Souza (vice-coordenador) foram eleitos na primeira comissão de lideranças indígenas formada para assumir a coordenação da organização na Assembleia dos Tuxauas no mesmo ano de criação do CINTER, na antiga Missão Surumu, um lugar de construção e organização política, social e cultural dos povos indígenas de Roraima.
Além dos primeiros coordenadores, haverá também a presença dos demais que assumiram a coordenação nos anos seguintes, Clóvis Ambrósio (Wapichana), da comunidade indígena Malacacheta, região da Serra da Lua, Nelino Galé (Macuxi), da comunidade indígena Homologação, região do Baixo Cotingo, Valdir Tobias (Macuxi), da comunidade indígena Congresso, região do Baixo Cotingo, Orlando Pereira (Macuxi), da comunidade indígena Uirumutã, região das Serras.
Entre os líderes, as mulheres indígenas que assumiram o papel importante na liderança de suas comunidades e regiões, também compõe a mesa, Francinete Fernandes Garcia (Macuxi), da comunidade indígena Novo Paraíso, região do Surumu, Terra Indígena Raposa Serra e Eunice Pereira (Macuxi), da comunidade indígena Roça, região do São Marcos, Terra Indígena São Marcos. Francinete Fernandes atualmente é coordenadora da região Surumu, região associada ao CIR e Eunice Pereira faz parte da Associação dos Povos Indígenas da Terra Indígena São Marcos (APITSM).
A coordenadora da região Surumu, região composta por 23 comunidades indígenas, fala sobre a importância de debater o assunto, principalmente, porque terão presente as lideranças tradicionais. “É muito importante essa mesa, onde estaremos juntos com os nossos anciãos e assim, a gente valorizar o que eles vão repassar para todos nós na Assembleia, nós jovens, para darmos continuidade porque o papel de liderança começa na comunidade indígena”, comentou Francinete.
Francinete comentou também sobre a o papel dos jovens indígenas que devem valorizar os conhecimentos tradicionais e dar continuidade da luta. “Quanto a juventude, eles tem que colocar em prática e valorizar o que tem, porque tem muitas coisa boas pela frente, porque esses ancião vão falar de como iniciaram, então a juventude tem dar continuidade para futuro das gerações.”
Na terça-feira, 8, foi celebrando o Dia Internacional da Mulher, dia alusivo as lutas e conquistas das mulheres nos diversos seguimentos da sociedade e no contexto das mulheres indígenas, não tem sido diferente. Hoje, as mulheres indígenas ocupam espaços nas diversas funções, antes, ocupada somente pelos líderes.
Para reforçar esse espaço, o protagonismo que hoje norteia o contexto de luta e conquista das mulheres indígenas, Francinete Fernandes, a primeira coordenadora regional, assumindo a coordenação composta por 23 comunidades, eleita em 2014, após passar três anos como Tuxauas de sua comunidade indígena, Novo Paraíso, fala dos desafios de conquistar o espaço. “Esse espaço também é importante porque é um desafio para nós, mulheres, conquistar um espaço que antes era só dos homens, então isso, para nós mulheres é um desafio, por isso precisamos nos fortalecer, encorajar e seguir nessa linha de liderança, não desanimar de nada”.
Para o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima, Mario Nicacio (Wapichana), jovem líder, a 45ª Assembleia Geral será mais um momento histórico para os povos indígenas de Roraima, com a presença das lideranças tradicionais que durante dois dias vão orientar, fazer uma palestra e contar um pouco do histórico para a nova geração de liderança indígena. “Esse momento será uma palestra para nós, liderança da nova geração, sobre as conquistas, as dificuldades, os problemas e os rumos que deve ser fortalecido e realizado com a nova geração”. Mario reforça ainda que o momento é para discutir a melhoria e novos rumos que terão adiante e destaca a união, como ponto maior a ser seguido pelo movimento indígena.
Para os demais dias, uma vasta programação com a participação de mais de mil indígenas, de representantes dos órgãos públicos e entidades sociais.
FONTE: CIR
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