Dois estudos publicados na edição de hoje da revista Science revelam como alterar a composição de árvores em florestas tem influenciado não só o ciclo de carbono como também a temperatura do ar de uma maneira significativa. Os resultados evidenciam como mudanças na fauna provocadas pelo homem causam consequências mais severas do que se pensava. 

Em todo o mundo, áreas reflorestadas são cada vez mais comuns. Na Europa, por exemplo, 85% dos biomas foram manejados pelo homem em 2010. Naquele continente, a preferência por árvores de maior valor comercial – como pinheiros e faias – provocou o plantio de 633 mil quilômetros quadrados de coníferas, em detrimento de florestas com folhas mais amplas, cuja área decaiu em 436 mil quilômetros quadrados desde 1850.

Para medir o impacto dessa tendência, Kim Naudts, do Instituto Max Planck para Meteorologia, e colaboradores, reconstruíram 250 anos de manejo florestal. A análise mostrou que a substituição de plantas mais frondosas por coníferas causou mudanças importantes na evapotranspiração e no albedo (quantidade da energia solar refletida pela Terra de volta para o espaço). Essas duas consequências, aliadas à emissão de carbono, contribui para o aumento da temperatura, mesmo que as áreas de plantio cresçam, afirmam os autores.

Em uma outra pesquisa, cientistas mostram como mudanças na cobertura florestal global vêm afetando o fluxo de energia e água entre a terra e a atmosfera. Baseado em dados de satélite, Ramdane Alkama e Alessandro Cescatti concluem que o desmatamento provoca um aumento na temperatura média e máxima da superfície terrestre, com exceção das latitudes mais ao norte. Eles ressaltam que a redução da evapotranspiração tem uma papel-chave nesse processo, uma vez que áreas áridas apresentam os padrões de aquecimento mais fortes.

Segundo um comunicado divulgado pela revista Science, os dois estudos demonstram complexidades da relação entre a fauna e o clima que não vinham sendo devidamente apreciadas nas análises meteorológicas.

Fonte: Correio Braziliense

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