Focos de incêndios que atingem, desde dezembro de 2015, o Parque Nacional do Jaú, no Amazonas, se espalharam nos últimos dias para outras unidades de conservação (UCs) da região, que formam o Mosaico do Baixo Rio Negro.
Uma nova operação conjunta, para conter as chamas, foi retomada no domingo (31/01), envolvendo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Defesa Civil de Novo Airão, Defesa Civil do Estado do Amazonas e Corpo de Bombeiros.
Até a tarde desta segunda-feira (01/02), 21 brigadistas se esforçavam para apagar o fogo no local chamado Forno, às margens do Rio Jaú, no interior do parque nacional. A direção da unidade emitiu alerta, solicitando o apoio dos moradores no sentido de evitar o uso de fogo, prática comum na região.
“Precisamos também da ajuda da população para o sucesso da operação. Temos pedido às pessoas para não colocarem fogo em seus quintais e alertado sobre o risco da prática de agricultura de queima e planta”, disse a analista ambiental Josângela da Silva Jesus, que atua no parque e está acompanhando os trabalhos.
Situação crítica
Segundo ela, seis grandes áreas já foram atingidas dentro do parque do Jaú – duas na boca do Rio Carabinani, uma no Lago do Supiá (esta ainda em setembro de 2015), uma na comunidade do Seringalzinho, uma no Lago do Cutiaú e mais uma, agora, no Forno, onde o combate é mais intenso.
Além do Parque Nacional do Jaú, a situação está bastante crítica na Reserva Extrativista do Rio Unini, no Parque Estadual do Rio Negro Setor Norte e na Área de Proteção Ambiental Estadual Margem Esquerda do Rio Negro, ressaltou Josângela.
Ainda segundo ela, o Parque Nacional de Anavilhanas também foi atingido com um foco de incêndio no Rio Apuaú, nas proximidades do Igarapé do Bariaú, área de grande importância para a unidade de conservação (UC).
Todas essas UCs fazem parte do Mosaico do Baixo Rio Negro e os dois parques nacionais – Jaú e Anavilhanas – detém o título de Patrimônio Natural da Humanidade.
“Da comunidade do Seringalzinho até a Cachoeira, o cenário é desolador”, conta a analista. De acordo com ela, são 15 quilômetros de rio com muitas árvores ainda em chamas ou já queimadas. “Vários animais foram encontrados mortos, como cabeçudos (espécie de quelônio), tamanduaí e cobras. Outros foram encontrados fugindo do fogo”.
Suspeita recai sobre traficantes
Segundo os gestores da unidade, a suspeita é de que os focos de incêndio tenham sido causados por traficantes de quelônios (animais com casco) que fazem fogueiras às margens dos rios para cozinhar e as abandonam ainda em chamas.
Para complicar a situação, lembra a analista Josângela Jesus, o fogo nunca tinha sido uma grande ameaça nessa região, em função da alta umidade e da grande precipitação de chuvas. “No entanto, o efeito do El Niño, conforme noticiado na mídia, tem causado uma escassez de chuva atípica que ainda não tem perspectiva de acabar”, informou ela.
Comunicação ICMBio