O açaí, fruto amazônico que tem conquistado espaço no mercado nacional e interacional e é a segunda maior cadeia produtiva da agricultura do Pará, ganhou nesta segunda-feira, 25, em Belém, um conjunto de ações que pretende expandir a área de produção em 50 mil hectares (ha), resultando em aumento de 360 mil toneladas de frutos até 2024. O Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará (Pró-Açaí) foi elaborado pela Secretaria pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental e outras instituições e tem entre seus desafios diminuir a sazonalidade do fruto. Atualmente, 80% de toda produção ocorre nos meses de julho a dezembro. 

O lançamento ocorreu na sede da Sedap, com a presença dos diversos atores que compõem a cadeia produtiva do açaí, além de autoridades, movimentos sociais e políticos ligados à agricultura.

A Embrapa Amazônia Oriental participou de todas as etapas de elaboração do programa. Foram seis meses de trabalho que reuniram, além da Empresa e Sedap, o Ideflor-Bio, Emater, Cooperativa Mista de Tome-Açu (Camta) e Irrigação Amazônia. Os pesquisadores Alberto William Viana de Castro, Alfredo Kingo Oyama Homma e João Tomé de Farias Neto estão entre os 10 co-autores do Pró-Açaí. 

O programa tem duração inicial de quatro anos e focará os esforços na distribuição de material genético de qualidade e ações de assistência técnica para atingir a meta de expansão de 50 mil hectares de área de produção. Luiz Pinto, diretor de Agricultura Familiar da Sedap e organizador do programa, explicou que serão 10 mil hectares para cultivo em área de terra firme, com irrigação, envolvendo mil produtores de pequeno, médio e grande porte de todo Pará. Outros 40 mil ha estão previstos nos municípios do Baixo Tocantins e Marajó, trabalhando com cerca de 10 mil famílias da agricultura familiar em região de várzea, que sairão da condição de extrativistas, com produção média de duas toneladas/ano por ha, para utilização de tecnologias de manejo e de enriquecimento, podendo alcançar até seis toneladas em mesma área e período.

As metas são ousadas e para atingi-las serão necessárias sementes e mudas de qualidade, além da capacitação dos agentes de assistência técnica (ATER), tarefas nas quais a participação da Embrapa é essencial, segundo Luiz Pinto. “Todo material genético será fornecido pela Embrapa, assim como o treinamento dos técnicos de ATER que atuarão junto aos produtores”, informou.

Nova BRS de Açaí será a base genética do programa

De acordo com pesquisador João Tomé, que atua na área de melhoramento genético, já foram repassadas à Sedap duas mil sementes do fruto e até o final do primeiro semestre de 2017, período previsto para o lançamento da nova BRS, serão outras oito mil sementes fornecidas para distribuição gratuita aos produtores paraenses cadastrados. “O maior aporte de sementes ocorrerá com o lançamento de uma nova cultivar de açaí pela Embrapa, que tem o nome provisório de BRS Ver-O-peso. Essa semente tem como diferencial maior produtividade, podendo alcançar até 15 toneladas por hectare/ano”, garantiu o pesquisador.  

Outra grande vantagem da nova BRS é que ela foi desenvolvida para áreas de terra firme e sua produção com irrigação garante safra o ano inteiro, minimizando um dos maiores problemas da cultura no estado, que a é a sazonalidade. “Atualmente 80% da produção ocorre de julho a dezembro. No restante do ano a oferta da fruta cai drasticamente, impactando em todo cadeia”, disse João Tomé.

A presidente do Sindicato de Fruticultura do Estado do Pará, Solange Mota, declarou que o setor produtivo do Pará tem grandes expectativas com o Pró-Açaí, principalmente na garantia do aumento da oferta no fruto no período da entressafra. Para Solange, esse é um dos grandes gargalos do setor, pois a diminuição da safra entre janeiro e julho atinge diretamente as empresas que chegam até as fechar as portas nesse período do ano. “Com a garantia de produto, aumentam os empregos, a renda e os investimentos”, analisou.

O ganho econômico, mas também o social são as principais vantagens do programa destacadas pelo secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hildegardo Nunes. Ele acredita que o principal trunfo do programa é a melhoria da qualidade de vida das mais 10 mil famílias de agricultores familiares que serão beneficiadas diretamente, além do impacto em toda cadeia, com aumento de empregos diretos e indiretos. “A cadeia do açaí permite uma rápida incorporação de renda para os produtores familiares, especialmente das comunidades ribeirinhas”, declarou o secretário.

Com a expansão da cadeia produtiva, estima-se que o aumento da área em produção em terra firme pode criar de mais três mil empregos diretos e 12 mil indiretos, além de cinco mil ocupações produtivas diretas e de outras 20 mil ao longo de toda a cadeia, com a expansão nas áreas de várzea.

São números promissores e que podem elevar o estado a um novo patamar, o que aumenta a satisfação em fazer parte desse programa, como falou o chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos.  Ele lembrou que a cultura do açaí é estratégica para áreas de pesquisa e transferência de tecnologia e que todos os esforços serão concentrados, para estabelecer e reforçar parcerias que auxiliem o Pará a alcançar desenvolvimento com sustentabilidade.

 

 

Kélem Cabral (MTb 1981/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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