Bispo que se notabilizou pela defesa da Amazônia e dos direitos dos povos indígenas renunciou ao cargo por limite de idade.
O Bispo Dom Erwin Kräutler, que se notabilizou pela defesa da Amazônia e dos direitos dos povos indígenas, está deixando a Prelazia (diocese em formação) do Xingu, no Pará, que dirigiu por 34 anos. Austríaco naturalizado brasileiro, ele trabalhou na região durante mais de 50 anos, desde que, recém ordenado padre, chegou a cidade de Altamira, em 1965.
O Papa Francisco aceitou a renuncia de Dom Erwin ao governo da prelazia por limite de idade, apresentada em julho de 2014, quando completou 75 anos. Seu sucessor será o Frade João Muniz Alves, de 54 anos, natural do Maranhão, até agora guardião da Comunidade Franciscana de São Luiz e professor de teologia.
“Não posso dizer que estou me aposentando, porque continuarei em Xingu como administrador apostólico, até a ordenação do novo bispo”, disse Dom Erwin Kräutler nesta quinta, 24, após o anuncio de sua saída. “Conversei com o padre João, que não conheço pessoalmente, e fiquei muito feliz com a sua disposição de levar adiante a ação pastoral da prelazia”, acrescentou.
Dom Erwin foi ameaçado de morte por causa da sua luta contra a violência na Amazônia e está há nove anos sob proteção policial, 24 horas por dia. “As ameaças não se repetiram nos últimos anos, mas o governo estadual até agora não retirou a escolta que sempre me acompanha”, informou o bispo.
Entre outras causas, Dom Erwin lutou pela condenação dos assassinos de Irmã Dorothy Stang, missionaria norte-americana naturalizada brasileira morta a tiros em sua prelazia por defender os índios e colonos contra a exploração de fazendeiros. O bispo se opôs também à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, por considerar que o empreendimento prejudica as populações ribeirinhas.
Presidente por três períodos do Conselho Indigenista Missionário, da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Erwin é secretario da Comissão Nacional para a Amazônia, presidida pelo Cardeal D. Claudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, no Vaticano.
“Em audiência com Francisco, em abril do ano passado, em Roma, Pedi ao papa que não esquecesse da Amazônia e dos povos indígenas”, revelou o bispo. Dom Erwin acredita que o pontífice visitará a Amazônia em sua próxima viagem ao Brasil, prevista para 2017, atendendo a convite de D. Cláudio.
Dom Erwin disse que pretende continuar na Amazônia, provavelmente em Altamira, dependendo da aceitação do seu sucessor. “Tenho certeza que me darei bem com o novo Bispo, que é franciscano e me parecer ser um homem muito simples”, adiantou D Erwin.
Em mensagem de agradecimento a D. Erwin, o Secretário-geral da CNBB, D. Leonardo Steiner, afirmou que o até agora bispo-prelado de Xingu ‘é conhecido, no Brasil e no mundo, como grande defensor da causa indígena, que assumiu como sua” e lembrou que, em 2010, ele recebeu o prêmio Right Livelihood Award (Premio Nobel Alternativo) por sua dedicação aos povos indígenas e à Amazônia.
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