A 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), que ocorre até o próximo dia 11/12 em Le Bourget, na região norte de Paris, entra nesta semana em sua fase decisiva na busca de um acordo mundial que limite o aumento da temperatura média do planeta em até 2 ºC até 2100. 

A fim de tentar remover barreiras para que os 195 países participantes da conferência cheguem a um entendimento até a sexta-feira, as discussões começaram na segunda-feira (07/12) com pedidos de ações efetivas para se chegar a um acordo robusto.

“Esta é a semana de esperança da COP21”, disse Laurent Fabius, ministro de relações exteriores da França e presidente da COP21, durante uma sessão plenária com ministros das delegações dos 195 países participantes da conferência, que ocorreu na manhã de 7 de dezembro.

“Nosso objetivo é ter até a próxima quarta-feira uma primeira visão geral de um acordo final da conferência, que é vital”, afirmou o político francês.

A fim de garantir o sucesso da conferência, Fabius criou um grupo de 14 facilitadores informais, nomeado “Comitê de Paris”, que será responsável por assessorá-lo durante esta semana.

O grupo é integrado por Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil. Juntamente com Vivian Balakrishnan, ministra de Relações Exteriores de Cingapura, Teixeira é responsável por auxiliar Fabius a tentar desatar um dos principais nós para que se chegue a um acordo climático mundial na COP21: o do financiamento das ações dos países em desenvolvimento.

O primeiro encontro do “Comitê de Paris” estava previsto para ser realizado na noite de segunda-feira (7/12), nas dependências do pavilhão principal da conferência.

O documento preliminar da COP21, divulgado no último sábado (05/12), tem 950 indicações de mudanças, marcadas em colchetes ao longo de suas 48 páginas, sobre as quais delegações dos 195 países terão que chegar a um consenso para conseguir que se estabeleça um pacto universal sobre o clima até a próxima sexta-feira.

Um dos pontos de discórdia para o estabelecimento de um possível acordo entre os países participantes da conferência é o financiamento das ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas das nações mais pobres e vulneráveis aos impactos do aumento da temperatura e da ocorrência de eventos extremos, como secas e tempestades.

O rascunho do documento dá margem à interpretação de que não só os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os da Europa, mas também nações em desenvolvimento, como China, Brasil e Índia, podem ser requisitadas a contribuir financeiramente.

“Os líderes dos países me asseguraram que irão trabalhar para remover os obstáculos para se chegar a um acordo”, disse Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU, na abertura da sessão.

“Nunca tivemos tantos chefes de Estados e de governos reunidos em um só lugar e ao mesmo tempo, como aqui em Paris, com um propósito comum”, avaliou.

O secretário-geral da ONU disse que centenas de prefeitos de todo o mundo vieram a Paris, por ocasião da COP21, para dar seu apoio à conferência e fazer anúncios de ações climáticas de suas cidades, juntamente com centenas de líderes empresariais e investidores, que representam trilhões de dólares em ativos.

“A catástrofe climática nos espera. Em Paris temos a oportunidade única de moldarmos nosso próprio destino”, avaliou.

Também participou da sessão plenária o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Globais (IPCC, na sigla em inglês), Hoesung Lee.

O cientista ressaltou que os relatórios científicos elaborados pelo IPCC demonstram claramente que a temperatura média da Terra está aumentando e que os impactos poderão ser irreversíveis se não forem tomadas as ações necessárias, como reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

“Temos os meios para reagir, mas não podemos esperar”, afirmou.

Na mesma sessão plenária, Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC, na sigla em inglês), sintetizou os desafios e esperanças da COP21: “A história escolheu você para estar aqui agora para chegar a um acordo global. Cabe agora a vocês chegarem a um acordo que trará prosperidade para todos, em um futuro sustentável.”

Elton Alisson, de Paris  |  Agência FAPESP