Um grupo de cerca de 25 guardiões do povo Ka’apor estava combatendo o fogo na extremidade norte da Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, quando encontrou sete pessoas extraindo madeira ilegalmente em um ramal que já havia sido desativado anteriormente. Os indígenas apreenderam os equipamentos, queimaram os veículos e detiveram os madeireiros para apresentar ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais).
No entanto, um invasor conseguiu fugir e retornou mais tarde, com cerca de 20 homens armados, atacando os Ka’apor e bloqueando o ramal que dá acesso a aldeia Turizinho. Dois indígenas ficaram feridos e quatro estão desaparecidos. Não há informações sobre a gravidade dos ferimentos. O superintendente da Polícia Federal (PF) no Maranhão foi acionado e policiais devem ser enviados à área para resgatar os baleados da aldeia. Um sobrevoo da PF sobre a área esta previsto para hoje.
“A falta de credibilidade nas autoridades, que deveriam garantir os direitos e a segurança dos povos tradicionais, tem feito com que grupos indígenas entrem em estado de guerra na defesa de suas terras, a exemplo do que vem acontecendo com os Ka’apor da TI Alto Turiaçu”, afirma Tica Minami, coordenadora da campanha da Amazônia no Greenpeace.
O episódio é o mais recente capítulo de um conflito que se arrasta há mais de 20 anos entre os Ka’apor e madeireiros que invadem a Terra Indígena Alto Turiaçu. Cansados de esperar pela intervenção do Estado, os Ka’apor decidiram, em 2013, defender-se dos madeireiros de maneira autônoma. De forma coordenada, lideranças indígenas passaram a fazer ações de vigilância e monitoramento da Alto Turiaçu para evitar o avanço do desmatamento e a abertura de novos ramais de extração e transporte de madeira ilegal.
E, apesar de bem-sucedidas, as ações autônomas de proteção ao território vêm gerando retaliações aos indígenas da região. Exemplo disso são os recentes incêndios que estão devastando as terras indígenas do Maranhão, ameaçando inclusive povos isolados – como é o caso dos Awa na TI Caru.
A facilidade com que a madeira roubada de áreas protegidas recebe documentação oficial, passando a ser vendida livremente no mercado, motiva as invasões às terras indígenas e deixa um rastro de destruição e violência na Amazônia.
Para o Greenpeace, o que vem acontecendo na Alto Turiaçu não pode mais ser tolerado. “O governo precisa parar de reagir e começar a tomar as medidas necessárias para garantir a proteção efetiva das terras indígenas existentes. Só fiscalização não resolve. Tem que investigar as serrarias e rever os planos de manejo em operação na Amazônia como primeiro passo para ordenar o setor madeireiro que opera na região e garantir a proteção dos territórios e povos tradicionais”, completa Tica Minami.
Fonte: Greenpeace
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http://amazonia.org.br/2015/12/confronto-com-madeireiros-deixa-indigenas-feridos-no-maranhao/
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