O governo federal produziu, em uma iniciativa inédita, a comprovação de que o Brasil possui a maior biodiversidade do Planeta. Foi lançado, nesta segunda-feira (21/12), o primeiro Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira. O estudo lista as mais de 116 mil espécies de animais encontradas em território nacional, o que representa 9% da fauna mundial. Ao todo, 500 cientistas de diversos países catalogaram 28 ramos de categorias de seres vivos em um processo que durou mais de dois anos para a construção do sistema e levantamento e organização dos dados.   

É a primeira vez que o governo brasileiro, em um esforço conjunto dos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), disponibiliza uma lista com a enumeração de todas as espécies conhecidas da fauna nativa do Brasil. Nas fases subsequentes do projeto, a relação será revisada e ampliada com informações sobre as sinonímias, distribuição, habitats e outros dados relacionados à ecologia de cada espécie, além de imagens e ferramentas para identificação das linhagens.

CONVERGÊNCIA

O catálogo possibilitará um novo patamar para as medidas de preservação das espécies encontradas nos ecossistemas brasileiros. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou a importância da integração das agendas ambientais do País. “É uma busca por uma nova visão política para que a conservação da biodiversidade dialogue com a questão das áreas protegidas”, afirmou Izabella. “Há um interesse de conciliação em um momento de convergência entre fauna, flora e territórios.”

O secretário da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Bráulio Dias, ressaltou os avanços trazidos pelo Acordo de Paris, estabelecido há uma semana por 195 países com o objetivo de conter o aquecimento global. “As interfaces de clima e biodiversidade nunca estiveram tão presentes”, analisou Bráulio. Segundo ele, as metas nacionais de redução de emissões de carbono apresentadas para o protocolo contemplam a proteção da fauna e da flora mundial. “A maior parte dá a devida atenção para a questão do uso da terra, no sentido de evitar o desmatamento e promover a restauração”, comemorou.

REGISTROS

Com o material, o Brasil atende à meta nacional de biodiversidade de número 19, prevista para ser alcançada até 2017, com a compilação completa dos registros já existentes da fauna, flora e microbiota (conjunto dos micro-organismos que habitam um ecossistema, como as bactérias e alguns protozoários que atuam na decomposição da matéria orgânica e na reciclagem dos nutrientes), aquáticas e terrestres, disponibilizadas em bases de dados permanentes e de livre acesso, contribuindo com as metas Aichi de biodiversidade, estabelecidas pela CDB.

O projeto é apoiado financeiramente pelo MMA e MCTI e prevê a divulgação das informações por meio de uma plataforma com identidade própria. O desenvolvimento do catálogo foi coordenado pelos professores Hussam Zaher (responsável pela organização geral do catálogo e pela categoria dos vertebrados), Walter Boeger (responsável pelos invertebrados não-hexapoda), Michel Valim (responsável pelos Arthropoda não-hexapoda) e José Albertino Rafael (responsável pelos invertebrados hexapoda), além de 58 coordenadores de grupos taxonômicos e 502 pesquisadores brasileiros e internacionais.

A pesquisa também contou com o apoio da Sociedade Brasileira de Zoologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Universidade Federal do Paraná, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) e Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A função de organização de um sistema que permita o levantamento e a catalogação das espécies da fauna existentes no país e o trabalho cooperativo entre todos os especialistas espalhados pelo Brasil e pelo mundo, além da elaboração de uma lista unificada, ficou a cargo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação.
Trata-se de uma ferramenta online, com enfoque acadêmico e que dispõe de uma área destinada à consulta pública. Essa iniciativa se alinha ao Portal da Biodiversidade, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e ao Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBR-MCTI), a partir do qual o catálogo também poderá ser acessado.

Por: Lucas Tolentino e Luciene de Assis – Edição: Melissa Silva

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