Às vésperas da COP21, a grande conferência do clima que ocorrerá em Paris a partir da próxima segunda-feira (30), o jornal francês Le Monde que chegou às bancas na tarde desta quarta (25) faz um balanço do desmatamento na Amazônia. Segundo o jornal, a floresta tem cada vez mais dificuldade em executar o seu papel de regulador do clima mundial.   

No título da reportagem de página inteira – ocupada na maior parte por um grande infográfico – o vespertino francês diz que o recuo da Amazônia representa um motor do aquecimento global. O jornal destaca o fato de que, nos últimos 40 anos, 763 mil km quadrados de floresta foram destruídos – o equivalente a 184 milhões de campos de futebol ou “duas vezes o território da Alemanha”.

A eficácia da floresta como eliminador de carbono também estaria comprometida, tendo caído pela metade em cerca de 20 anos, “levando as árvores a absorverem menos CO2”. “A destruição agrava ainda mais o aquecimento do clima, gerando mais gases de efeito estufa”, afirma o Le Monde.

Este cenário, no entanto, deve ser relativizado, diz o jornal. O ritmo do desmatamento foi “consideravelmente desacelerado”. Em 2004, desapareceram da Amazônia brasileira 27.772 km quadrados de floresta. Este número caiu em 80% em 2013, com 5.012 km quadrados eliminados.

Nem tudo está mal

O Le Monde entrevista a professora de gestão ambiental da Universidade de São Paulo Neli Aparecida de Melo-Théry, para quem a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, em 2003, contribuiu para essa redução. “O partido queria ser diferente dos outros”, diz a professora, lembrando o trabalho da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Diversas iniciativas teriam sido colocadas em prática para oferecer aos agricultores do Acre, por exemplo, alternativas econômicas ao desmatamento.

Mas este combate, segundo o Le Monde, não seria o suficiente para inibir a monocultura extensiva da soja, da cana de açúcar e do milho, “dopada com pesticidas”, na definição do jornal. “Os defensores do meio ambiente também não ‘digerem’ a aprovação do Código Florestal de 2012, que oferece anistia a desmatadores”, diz a reportagem, “um terrível sinal que se soma à sombra de Katia Abreu, a ministra da Agricultura apelidada de Miss Desmatamento”.

Fonte: RFI

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