Aeronave vai carregar sensores para proporcionar ‘viagem ao passado’. Objetivo é tentar entender efeito de populações antes da colonização.

Uma aeronave não tripulada vai ajudar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a monitorar a Floresta Amazônica. O vant está sendo produzido em São Carlos (SP), em uma parceria com a University of Exeter, da Inglaterra, e vai carregar diversos sensores para proporcionar uma “viagem ao passado”.    

“[O objetivo é] Tentar entender o efeito de populações passadas, antes da colonização das Américas, na vegetação da Amazônia e, com o entendimento de como eles utilizaram essas florestas antigamente, produzir melhores informações do que a gente está observando no presente, do comportamento dessas florestas no presente, e também, a partir daí, produzir modelos para a previsão dos efeitos de mudanças climáticas nas florestas tropicais”, contou Luiz Aragão, pesquisador do Inpe.

Os sensores também são capazes de captar imagens em infravermelho e medir a quantidade de clorofila das plantas, dados que podem ajudar a prevenir e combater queimadas como as que têm destruído a floresta.

“A gente consegue calcular o balanço de carbono, que é o quanto ela absorve menos o que ela está emitindo, para produzir informações que possam ser colocadas dentro de modelos para fazer previsões a longo prazo”, afirmou o pesquisador. “E aí políticas públicas podem ser implementadas baseadas nesse tipo de informação”, disse.

Aeronave produzida em São Carlos fruto de parceria (Foto: Ely Venâncio/EPTV)

Aeronave vai carregar sensores para ajudar pesquisadores do Inpe (Foto: Ely Venâncio/EPTV)

Aeronave
O modelo tem quase dois metros de comprimento por quatro de envergadura e possui um sistema de segurança para casos de emergência. “Algum sistema dele deu uma falha, automaticamente ele vai disparar um dispositivo que vai abrir o pára-quedas. Quando abre o pára-quedas, ele corta todo o sinal de transmissão da aeronave. Ele tem um localizador, um spot, e onde ele cair a gente localiza”, explicou o piloto Ney Souza.

A aeronave conta ainda com um motor três vezes mais potente do que o convencional e é composta com fibra de aramida, material usado em coletes à prova de bala. Tudo para que consiga cumprir com os objetivos do estudo.

“Essa aeronave vai voar em várias regiões do país, na região Amazônica, Vale do Paraíba, o Estado de São Paulo como um todo, e nós precisamos coletar dados em vastas áreas. Imagens de alta definição, em que você consegue ver carros, pessoas”, detalhou o pesquisador Thiago Batista dos Santos.

Outra característica do modelo é a autonomia de voo, maior do que a de outras aeronaves. “Ela foi projetada para voar entre quatro horas e meia e cinco horas, e em uma altitude de 300 metros do solo. Com outras aeronaves isso não é possível”, completou Santos.

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