O Ministério da Justiça e a Secretaria de Governo criticaram ontem (29) a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00, que transfere para o Congresso Nacional a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas.  

O texto foi aprovado terça-feira (27) em comissão especial e, para passar a valer, ainda precisa ser apreciado em dois turnos pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Ministério da Justiça e a Secretaria de Governo afirmam que a PEC “não se alinha” com os preceitos da Constituição Federal e que essa inconstitucionalidade já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.

Protesto interrompeu, na quarta-feira, os Jogos Mundiais Indígenas em PalmasMarcelo Camargo/Agência Brasil

Protesto interrompeu, na quarta-feira, os Jogos Mundiais Indígenas em Palmas Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na noite de quarta-feira (28), centenas de indígenas de vários países que participam dos Jogos Mundiais Indígenas, em Palmas, interromperam as competições e protestaram contra a aprovação da proposta. Em outras ocasiões, o governo e a própria presidenta Dilma Rousseff já haviam se posicionado contra a aprovação da medida.

“A Secretaria de Governo da Presidência da República e o Ministério da Justiça entendem que a aprovação do texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000 em comissão especial, na última terça-feira (27), ofende o princípio da separação dos Poderes e não se alinha com o direito originário consagrado na Constituição acerca das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, na conformidade do já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal”, diz a nota.

A PEC 215 altera as regras para a demarcação de terras indígenas, de remanescentes de comunidades quilombolas e de reservas. O texto proíbe ainda a ampliação de terras indígenas já demarcadas e prevê a indenização de proprietários inseridos nas áreas demarcadas, ainda que em faixa de fronteira.

Por: Paulo Victor Chagas
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Nádia Franco

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