O quarto satélite sino-brasileiro de recursos terrestres (Cbers4), lançado em dezembro do ano passado, na China, vai reforçar a produção de mapas de alta resolução da situação da floresta amazônica. Os dados mais detalhados da cobertura vegetal da região também alimentarão o sistema brasileiro de detecção de desmatamento em tempo real (Deter), que gera avisos imediatos para a Polícia Federal, Ibama e órgãos estaduais de meio ambiente. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), parceiro da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast) no programa Cbers, distribui cerca de 700 imagens por dia do Cbers para mais de 70 mil usuários ligados ao meio ambiente O Cbers-4, de acordo com o diretor do Inpe, Leonel Perondi, já disponibilizou cerca de 2 mil imagens na internet, mas a distribuição regular de dados é prevista para acontecer nos próximos dois meses, porque ainda se encontra em fase de ajustes.
O programa de cooperação sino-brasileira na área espacial, que existe há 26 anos, lançou cinco satélites de sensoriamento remoto, popularizando o uso de imagens orbitais no Brasil. Com mais de um milhão de imagens distribuídas gratuitamente pela internet, o país se tomou líder mundial em distribuição de dados que são fundamentais para controlar desmatamentos e queimadas, monitorar áreas agrícolas, recursos hídricos, crescimento urbano, ocupação do solo, entre outras aplicações.
Atualmente, o Cbers é considerado um dos principais programas de sensoriamento em todo o mundo, ao lado do americano Landsat, do francês Spot e do indiano ResourceSat. Duas das quatro câmeras instaladas no satélite Cbers são brasileiras e fazem o registro de imagens da floresta amazônica com uma resolução de 20 e de 64 metros.
O próximo satélite da família, o Cbers 4A, será lançado em 2018 na China, pelo foguete Longa Marcha. Segundo Perondi, as empresas brasileiras fornecedoras de 50% dos subsistemas do satélite devem iniciar a produção dos equipamentos ainda este ano. “Estamos aguardando a aprovação no Congresso do protocoloco complementar ao Acordo Quadro sobre Cooperação em Aplicações Pacíficas de Ciência e Tecnologia no Espaço Exterior, o que é esperado para acontecer em breve”.
Para o diretor do Inpe, o programa Cbers representa um grande avanço na capacitação da indústria nacional. “Com a operação em órbita de câmeras de alta resolução, o Brasil passa a integrar um seleto grupo de países com a capacidade de projetar e fabricar sensores para imageamento do planeta”, disse.
A experiência com os chineses, segundo ele, também garantiu ao Brasil a oportunidade de exercitar todo o ciclo de vida de um sistema espacial. “Hoje temos plena capacidade para especificar a missão, o projeto, fabricação, integração e testes de um satélite, além de operá-lo em órbita”.
O novo acordo com a China definiu que os trabalhos de montagem, integração e testes do Cbers-4A serão realizados no Laboratório do Inpe. Para estar mais preparado, o Inpe está investindo na ampliação do seu Laboratório de Integração e Testes (Lit).
O projeto prevê um investimento total de R$ 260 milhões, mas para a primeira fase, que envolve a construção do prédio onde ficarão instaladas novas câmeras de testes de qualificação para satélites de grande porte, estão previstos R$ 45 milhões. Os recursos serão repassados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
O Lit está equipado com salas limpas e com câmaras capazes de simular as condições reais de vibração, aceleração e choque durante o lançamento de um satélite, assim como as condições de temperatura e vácuo presentes no ambiente espacial. O projeto de expansão contempla a compra de um vibrador de maior porte e de uma nova câmara para medir parâmetro de antenas de campo próximo (distância entre a antena transmissora e a receptora).
Outra ideia, que está sendo amadurecida, é a possibilidade de o satélite ser transportado para a China pela aeronave KC-390, novo jato de transporte militar da Força Aérea Brasileira (FAB), que está sendo produzido pela Embraer. “Vamos trabalhar nessa possibilidade, até porque teríamos que pagar pelo transporte do satélite para a China e fazer isso Com uma aeronave brasileira seria uma oportunidade muito interessante”.
O novo satélite, que será similar ao seu antecessor Cbers 4, tem um custo total estimado de US$ 75 milhões. A parte brasileira, correspondente a 50% do satélite, custará R$ 100 milhões. “Cerca de 40% do satélite já está pronto, porque muitos equipamentos foram produzidos em duplicidade para o Cbers-4″, afirma o coordenador do segmento espacial do programa Cbers no Inpe, Antônio Carlos de Oliveira Pereira Júnior. Até o fim deste ano, diz ele, Brasil e China deverão apresentar o projeto técnico de uma nova família de satélites de observação da Terra.
Por: Virgínia Silveira
Fonte: Valor Econômico
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