Integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) começaram a discutir ontem (15), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), como aperfeiçoar as projeções regionais do clima. Os modelos serão usados no próximo relatório do painel das Nações Unidas (ONU), dedicado às mudanças climáticas e previsto para ser publicado em 2019 e 2020.  

Segundo Thelma Krug, membro do IPCC e pesquisadora do Inpe, as projeções utilizadas no próximo relatório deverão ser mais específicas e regionais, diferentemente das apresentadas até hoje, que contêm características mais globais. “Quando você tem seus modelos globais, está pegando as regiões com clima temperado, boreal e tropical. Então, se coloca tudo dentro de um mesmo modelo. A ideia é que tenhamos especificidades”, disse.

De acordo com Thelma, modelos mais específicos, que levem em consideração biomas locais e sua interação com o ambiente, são capazes de prever com mais exatidão alterações climáticas futuras.

“O Brasil tem a Floresta Amazônica, com todas as interações com a atmosfera, além do cerrado, um bioma bastante específico do Brasil. Esperamos que eles possam prover estimativas ou previsões mais refinadas das alterações esperadas no futuro.”

A pesquisadora destacou que as pesquisas climáticas regionais desenvolvidas no Brasil colocam o país em um patamar diferenciado em relação às demais nações em desenvolvimento. Além de um corpo técnico de qualidade e cooperação com institutos nacionais e internacionais, Thelma destacou que os pesquisadores brasileiros têm à disposição um supercomputador, que é ferramenta essencial para elaboração dos modelos climáticos.

“Há pouca representatividade de países em desenvolvimento [no IPCC]. Quando levanto essa questão no conselho, a resposta sempre vem assim: mas o países em desenvolvimento não nos darão o retorno que precisamos para questão de modelagem. Nesse particular, nos diferenciamos, porque conseguimos ter autores brasileiros trabalhando em áreas reconhecidamente com limitações nos países em desenvolvimento.”

As reuniões, que ocorrerão até sexta-feira (18) no Inpe, contam têm a participação de 126 especialistas de 55 países.

Por: Bruno Bocchini
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Armando Cardoso