Permitir que concessionárias retirem madeira de florestas nacionais de modo sustentável é uma das esperanças de especialistas e do governo para o melhor controle dessas áreas. Na visão de Manuel Amaral, presidente da certificadora de manejo florestal Forest Stewardship Council, a agenda precisa ser retomada pelo governo federal.
O tema foi debatido nesta terça-feira (22), durante o Fórum Desmatamento Zero, promovido pela Folha com patrocínio da Clua (Climate and Land Use Alliance).
As concessões florestais foram criadas em 2006 e são administradas pelo SFB (Serviço Florestal Brasileiro). Dentre seus objetivos, estão o combate à exploração predatória de madeira, à grilagem de terras e garantir a conservação dos biomas.
Segundo Raimundo Deusdará Filho, diretor-geral do SFB, além de a concessionária explorar a madeira de modo sustentável, sua presença inibe a entrada de madeireiras clandestinas. “A Flona [Floresta Nacional] do Jamari, por exemplo, é uma prova da importância de se criar unidades de conservação com manejo sustentável”, afirma.
Para Amaral é necessário incluir, no processo de concessões florestais, comunidades tradicionais e assentados. “As comunidades da Amazônia são fundamentais para o desenvolvimento da economia florestal brasileira, e o governo precisa trabalhar nisso. A agenda do desmatamento zero só será possível com o engajamento de todos os atores da sociedade. As concessões precisam decolar!”, diz.
PARÁ
O Brasil conta, hoje, com um terço das florestas do mundo. Cerca de 54% do território nacional contém floresta. A fiscalização é frágil. No Pará, um dos estados brasileiros com a maior taxa de desmatamento ilegal do país, as autoridades depositam esperanças em instrumentos de controle como CAR (Cadastro Ambiental Rural) para aprimorar sua atuação e repreensão ao crime.
Thales Belo, secretário-adjunto de gestão e regularidade ambiental do Pará, que também esteve presente no debate, enfatizou a urgência de se fazer um controle efetivo do desmatamento na região e que o CAR (Cadastro Ambiental Rural) é uma ferramenta para isso.
Belo diz que o controle é urgente, já que muitos produtos florestais licenciados acabam parando na mão de quadrilhas de desmatamento ilegal. “O Pará inovou ao formar um comitê de monitoramento ambiental que levanta dados internos para ter o controle do produto florestal produzido em unidades de manejo”, diz.
ENCERRAMENTO
O jornalista Marcelo Leite, mediador dos painéis durante o Fórum Desmatamento Zero, encerra o evento destacando que vários setores se alinharam na meta de se chegar ao desmatamento zero.O debate sobre quando isso ocorrerá ainda está aberto, mas a discussão não é mais sobre se isso é possível.
Marcelo lembra que, no entanto, ainda há muitos desafios a serem superados, como a unificação de cadastros rurais para fazer o controle do desmatamento e a viabilização do financiamento de projetos sustentáveis.
Por: Fernanda Athas
Fonte: Folha de São Paulo
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