O Brasil não vai chegar à Conferência do Clima de Paris com a meta de zerar o desmatamento florestal. A afirmação é de um dos negociadores brasileiros, o diplomata Everton Lucero, chefe da divisão de clima, ozônio e segurança química do ministério das Relações Exteriores.
Lucero participou, nesta segunda (21), do Fórum Desmatamento Zero: o Brasil por um clima melhor, promovido pela Folha com patrocínio da Clua (Climate and Land Use Alliance), no Tucarena, em São Paulo.
Embora o Brasil ainda não tenha declarado as metas nacionais oficiais, o que deve fazer na próxima semana em Nova York, Lucero disse que uma medida robusta de corte de emissões de gases do país sozinho não tem necessariamente um impacto.
“O que conta é uma soma entre as emissões, porque impacto é sempre uma média de todos os países”, afirmou.
Ele lembrou que o mais importante nas negociações de Paris é chegar a um acordo que estabeleça uma normativa internacional para servir de guia para que o mundo possa mitigar o aquecimento global.
Na opinião de Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, o Brasil precisa ter uma meta ambiciosa, já que a lógica econômica mostrou que era melhor para o país não desmatar do que desmatar.
“O desmatamento zero poderia ser parte do compromisso nacional para o novo acordo de clima”, disse. O argumento de Rittl é que, com uma aspiração brasileira maior, seria possível chegar à COP podendo cobrar uma postura mais responsável dos outros países.
Em uma menção à atual situação da economia brasileira, afirmou que “a saída do vermelho está no verde”.
O terceiro participante do painel, Roberto Waack, presidente do conselho de administração da Amata, uma empresa que vende madeira com certificação ambiental, disse que a proteção às florestas tropicais da Amazônia independem da conferência de Paris.
Para ele, a questão central seria qual valor a sociedade atribui à floresta, considerada uma “vantagem competitiva única no mundo”. Waack defendeu uma integração maior entre floresta e economia.
Por fim, o empresário disse que apesar da melhora do ambiente institucional, criada pelo código florestal, o governo precisa reconhecer a fragilidade do sistema de controle com o produtos extraídos da Amazônia.
Sobre a questão da madeira ilegal, ele defendeu o compromisso de banir o produto fora da lei de todas as cadeias produtivas, lembrando que é preciso melhorar a rastreabilidade, “dada a facilidade de falsificação da origem de extração”.
“É preciso construir um caminho para o pós-Paris”, afirmou.
Por: Cláudio Goldberg Rabin
Fonte: Folha de São Paulo
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