A professora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (Inau), da Universidade Federal de Mato Grosso, Cátia Nunes da Cunha, defendeu nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados a divisão do Pantanal em partes que possibilitem melhor descrição e caracterização científica do ecossistema. Na opinião da especialista, essa medida facilitaria a elaboração de leis sobre a região.       

Ela foi uma das palestrantes da audiência pública promovida pela Comissão de Legislação Participativa que discutiu o futuro das áreas úmidas no Brasil.

Entende-se como zona ou área úmida, os ecossistemas que em parte do ano são secos, e em outra parte, são inundados, como o Pantanal. Essas regiões ocupam cerca de 20% do território brasileiro.

Catia Cunha explicou qual a situação atual dessas áreas no Brasil. “Como ela não tem uma caracterização, as áreas drenadas são as áreas que mais têm impactos ambientais, desde desmatamento, perda mesmo por drenagem e por outros tipos. O mundo já perdeu mais de 50% dessas áreas úmidas, o Brasil ainda está num momento em que ele pode consertar.”  

Para o representante do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Alberto Scaramuzza, a monitoração das zonas úmidas ao longo do tempo para a definição da extensão e das suas características é o que vai possibilitar a elaboração de políticas públicas específicas para a conservação das áreas.

Inventário de Áreas Úmidas

Ele explicou o programa do ministério que atua nessa direção, o Inventário de Áreas Úmidas. “Ele tenta utilizar diferentes bases de informação, diferentes fontes de informação e consolidá-las num primeiro inventário nacional com a extensão e as características de cada uma dessas áreas úmidas nas diferentes regiões do Brasil.”

O deputado Sarney Filho (PV-MA), que presidiu a audiência, afirmou que a Câmara não tem projetos diretos nessa área, mas ressaltou a importância de que as zonas úmidas, principalmente o Pantanal, sejam preservadas. “Ele [o pantanal] corre o risco de acabar, porque tudo o que se está fazendo no entorno dele, usinas hidroelétricas, plantação de cana, plantação de soja, plantação de algodão; tudo isso está mudando uma face do Pantanal e pode trazer prejuízos irreparáveis.”

Existem 42 tipos de áreas úmidas. A definição do termo surgiu na Convenção de Ramsar, celebrado em 1971, no Irã. No encontro, foram classificadas ainda as zonas úmidas de importância mundial. O Brasil conta com 12 regiões desse tipo.

Reportagem – Lucas Ludgero
Edição – Regina Céli Assumpção

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